Sob a ténue luz que invade o quarto,
de um néon rúbio intermitente,
passos furtivos esgueiram-se pela porta,
ao compasso do lento arder do cigarro,
que repousa, esquecido, na beira do cinzeiro improvisado.
Numa dança cega, memorizada por repetição,
contorna com precisão os obstáculos do quarto.
Alheia aos movimentos silenciosos,
camuflados pela escuridão,
permanece mergulhada num sono profundo,
com a alma aconchegada,
ainda ignorando a traição desferida.
Perguntas que permanecerão sem resposta,
ao abrigo da cobardia que se protege
na mudez de um trinco que insiste em não denunciar.
Traição que se desvanece
na memória inconsciente
de uma última carícia,
com os seus dedos ágeis a passearem pelos cabelos,
selando com cinismo,
a promessa de um beijo.
ERA UMA VEZ - the twilight stories
11 years ago
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