Ligeiramente ébria de sono, aterrando de pára-quedas na sala quase vazia – sem grande conhecimento da banda, total desconhecimento da 1ª parte, um nome numa lista, uma descoberta, basicamente, em formato chapa zero.
Surpresas não faltam – afinal reconheço o vocals da 1ª banda – deixem as surpresas começar.
A escassa assistência, mas altamente entusiasta, parece-me demasiado com um alargado grupo de amigos da banda – duplamente deslocada, mas nem por isso, num sentido depreciativo, vou parar mesmo no meio do seu domínio.
Continuo a achar que não há nada, como tomar contacto com um trabalho musical, pela primeira vez, como a ferro e em prova de fogo – ao vivo, sem efeitos.
30 segundos apenas, segundo o Diogo, é quanto basta, para tirar a 1ª impressão.
Para o grande momento da noite, poucos, mas electrizados desde o 1º acorde, revelam o verdadeiro estatuto de banda de culto. Espasmos corajosos, histeria em danças descontroladas erguem-se na assistência, valendo no final, um genuíno e surpreendido agradecimento, com uma distribuição de voluntariosos apertos de mão à plateia – uma dupla actuação para os dois lados do palco, com uma banda completamente rendida e tomada de surpresa, revelando uma clara humildade e apreciação pelo impacto desferido.
Por contraste, numa posição destacada, exactamente em alinhamento com o olhar de um estranho Tim Burgess, alguém na assistência, num estado catatónico em completa de absorção, uma presença estática mantém-se hipnoticamente focalizada no palco.
You’re so pretty, repente apontando, precisa e directamente na sua direcção, quebrando os gestos generalizados e abrangentes até ali.
Dois exemplos de uma simbiose energética, de interacções momentâneas, nas quais as actuações fixam os momentos.
Com uma já alargada actuação, brindam o público rendido e extasiado com uma verdadeira e delirante live jam session, onde um frenético órgão, obriga a rendição de qualquer bastião de indiferença.
Nada me podia ter preparado para a falta de entusiamo com que fui assistir esta actuação, excepto algo que ouvi um dia “ The Charlatans are absolutelly great playing live, much better than making records” e ontem, em absoluto, foi a confirmação.
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