Abre os olhos e vê a luz que entra, já forte, pela janela. Lá fora, as vozes madrugadoras não olham a mais uns minutos de sono. Lança as pernas para fora da cama e sente o chão frio debaixo dos pés. Inspira fundo e devagar, levantando-se num só movimento. No caminho, pega a roupa amachucada, largada a um canto do quarto e leva consigo para a casa de banho. O espelho reflecte os traços cansados, realçados pelo lápis ainda esborratado. Abre a torneira, junta as mãos em concha e um arrepio percorre a espinha, enquanto mergulha a cara na água fria. Faz uma careta enquanto veste a roupa impregnada com o cheiro a tabaco e lança um último olhar para a cama, através do espelho. Dorme profundamente. Assim é mais fácil, sem decisões a tomar, como agir, o que dizer. Pega no resto das coisas e sai, fechando a porta atrás de si, sem fazer barulho. O sol forte faz-lhe arder os olhos. Ajeita os óculos e segue rua abaixo.
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