inspiro fundo
deliciando-me com o cheiro morno da tempestade
que se aproxima a galopar num ribombar,
cada vez mais próximo, dos trovões
Desço a rua deserta,
Prenúncio do dilúvio que se adivinha
Raios que rasgam o céu,
Rasgões rápidos de um tecido laranja
Iluminado, pontualmente, por clarões electrizantes
A cidade engasga numa fuga em câmara lenta
Uma profusão de luzes vermelhas
escorre pelos cursos sinuosos
Força com vontade própria
que me conduz até ti
e me faz desaguar no teu leito
A chuva cai finalmente
noite fora
lavando a alma da rua
que renasce para um novo dia
na próxima saída
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