Friday, June 13, 2008

A TRADIÇÃO DO 12

A tradição não é a dos demais.

A tradição é :

Jantar na tasca dos príncepes anões, com duas brancas de neve
Fugir da Amy WineHouse e do seu ninho de ratos em miniatura
É torcer o nariz aos sorrisos e piscadelas do cabanaboy
Trocar impressões arquitectónicas com uns A-ha acidentais
Comer croissant quente de chocolate à beira da estrada,
Submergir na massa humana que comanda a vontade e o sentido da direcção
E nela perder a identidade e a noção de onde começa e acaba o nosso corpo
É trocar juízo com desconhecidos que oferecem imperiais
É a caipirinha como o santo graal para as dores de cabeça crónicas

é quando te questionas :
"Porque é que ano, após ano, continuo a voltar à mesma situação?"
Como o ser espremido pelas paredes uterinas da Bica,
ser excretado, com grande alívio, para pequenas bolsas de ar, em constante mutação,
através do canal vaginal sobrelotado, de arraiais,
até a um demorado e penoso nascimento num dos extremos.

Enquanto o tempo passa e tu não sais do mesmo sítio
e quando um desconhecido te acaricia o cabelo
tal como um boneco de voodoo, a ser espetado por alfinetes nas costas
Enquanto, de súbito, a branca de neve é roubada para dançar.

E ao som de Tony Carreira rasgado pelo meddley Jamaicano
reconhecer os gritos roucos que me chamam, por entre a multidão
"Ruby Ruby Ruby Rubey"
Entre um Pacino que não volto a encontrar,
Entre todas as caras conhecidas
Idealizamos o trailer de "Um sofá em Barcelona" com um Johnny Depp
e a branca de neve rouba a sangria ao amigo do amigo que nem conhece
enquanto canto "I have Green eyes and 2 glass eyes".


e de repente
o nada

apenas, as 1001 perguntas sobre história
nas vozes arrastadas de cana rachada
encharcadas em alcool
que nunca quis saber

e para o não, ainda não aprendi

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