Tudo muito rápido.
A aventura maior foi mesmo levar a roupa para o cacifo, com as duas mãos cheias ...de muletas – não é fácil, mas sou resorcefull.
Chegada, registo, nem me sentei – entrada para os balneários
Chamada em fila, atribuição de cacifo e farda hospitalar – fica só com a cueca e o soutien – deve ser por ser quase Inverno, da última vez, só tinha direito a batas translúcidas.
Pelas raras vezes na vida, fui a última a me despachar da etapa da mudança de roupa.
Chego à porta da grande sala – faça favor de sentar.
Todos olham para mim, sem um sorriso ou uma palavra. Sinto-me familiarmente ridícula com aquela touca verde água que combina com bata de flanela, mal apertada nas costas, mas não com o chinelo descartável azul.
Estamos todos naquela linda figura. As enfermeiras também não escapam, com o conjunto em azul e com as socas de borracha.
Parece a preparação para um baile, naquela sala de espera asséptica.
Atravesso o espaço, elegantemente com as muletas, até à poltrona forrada com um lençol. Coube-me o lugar central, naquele convénio. Sinto os restantes 7 pares de olhos postos em mim. A enfermeira coloca-me exactamente igual aos demais, tapa-me as pernas com uma outra bata, igual à que visto – agora parecemos uma desmultiplicação de velhos assépticos, sentados à lareira, com a manta no colo.
Cateter no pulso, questionário, pode aguardar. Olho em volta e lembro-me de experiências nerológicas em símios, todos agrupados na mesma sala.
Ainda é cedo e anulo a minha presença, viajo para outro estado, para ser interrompida pelo Clark que hoje está, especialmente, conversador. Por mais despercebida e apagada que tento passar, mais esta experiência, apanho sempre com mau-feitios simpáticos e conversadores. Sou levada para a sala no meio de conversa casual.
Conversam comigo o tempo todo – agora vou besuntar-te o pé com betadine, vai ficar todo bronziadinho! Vais sentir uma picada, tas confortável?
Tento alienar-me das vibrações, das pressões, que sinto até ao âmago da anca. Sensações muito estranhas...há coisas que não se fizeram para se sentir por dentro.
Calham-me sempre os cirurgiões mais brincalhões que não me deixam de fora do evento. Elasticidade...Parece uma bailarina!! Percebi depois, quando vi a ligadura bem ao estilo da série Fame, o que ele queria dizer.
20 minutos, se tanto, fico de novo com o meu novo amigo que me calça e me aperta os atilhos da bata nas costas. Acompanha-me de novo, até ao sofá na sala conjunta, em conversa amena, como se passeássemos numa tarde de domingo, enquanto segura nas mãos, o meu soro.
Trazem-me um iogurt e bolachas, enquanto o Clark, visivelmente orgulhoso, com o seu pé de bailarina, troca impressões e datas de consulta comigo.
Mesmo tentando passar em branco, de todos os que lá vi, só eu estava com as atenções do enfermeiro, do cirurgião, do mestre cirurgião, que mais tarde ou mais cedo ou ao mesmo tempo, metiam conversa, o que me valeu a procura de esclarecimento de dúvidas por parte dos outros pacientes mais nervosos.
Correram comigo, 1 hora e meia depois de ter lá entrado. Mais pontos para tirar, um pé laranja para não molhar e segundo as palavras do Clark, se doer tem lá alguma coisa para as dores?...Ainda tenho os da outra operação, mas só me está a coçar os pontos. Ri-se - se der comichão mais “forte” já sabe...
E é assim, cá ando eu, com um parafuso, perdão, cavilha (como alguém descreveu) a menos. Restam-me os outros dois, a chapa, os pionéses e muitas situações hilariantes em aeroportos .
ERA UMA VEZ - the twilight stories
11 years ago
3 comments:
Amiguinha, ainda bem que foi rápido.
Espero que a recuperação tb seja.
beijinhos
agora é q vamos passar à fase 3. Ainda tem muito "osso p desgastar"
;p
EH EH EH! Rápido e (quase) indolor!!! Não poupes as comichões, hein!
Beijinhos
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