Sunday, January 28, 2007

memórias

Percorrendo a estrada deserta e sinuosa naquele dia quente, a paisagem árida estendia-se até se perder de vista, pela erva seca que há muito conquistara as formações graníticas, numa perfeita alusão ao imaginário de uma charneca escoceca. Alguns kilómetros adiante, o deserto rochoso inciava um processo de transição, dando lugar a pequenas elevações que, num jogo de surpresas, deixavam agora vislumbrar um caminho sinuoso descendo, serpenteante até ao rio.
As oliveiras pontuavam todo o declive e as ruínas que se debruçavam na encosta, relembravam a força esmagadora que é o tempo. O vale abria-se a pique, reflectindo apenas uma pequena porção de rio.
Parei, sentei-me num pequeno muro que bordejava a estrada e deixei-me ficar. Deixei-me envolver pela tranquilidade, absolutamente inalterada pelo tempo.
Respirei fundo e parti à descoberta, deixando para trás a agitação dos últimos dias, que me drenara as energias.

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