Friday, July 28, 2006

LISBOA SOUNDZ - parte I

Debaixo de um sol quente de fim de tarde, chego ao recinto a tempo de assistir a uma surpreendente actuação. Com uma expectativa nada especial, sobre o blues de Howe Gelb, deixei-me conquistar pelo à vontade e domínio com que conseguiu transpôr, com uma fina e ténue linha, o soundcheck para a performance.
Entre piadas e interacção com o escasso público que teimava resistir ao sol, aquela figura alta e estereotipadamente americana, conseguiu em pouco tempo, puxar-me para dentro de um imaginário muito estilo ROUTE 66, ao volante de um Mustang branco, ora actuando em clubes crepusculares, vigiado por uma assistência omissa, entre as sombras à média luz e brumas provocadas pela excessiva concentração de fumo de cigarro, enquanto duas pedras de gelo se desfazem lentamente num copo de Bourbon. Com uma voz muito ao estilo da de Lou Reed , um estilo muito próprio e uma certeza que domina o palco, cuja presença esguia intimidande, como tive a oportunidade de confirmar, mais tarde, mesmo ao meu lado.

Monday, July 17, 2006

Música do frio que aquece a alma

Depois de uma decisão repentina, que não podia ter sido outra, numa noite morna e sem aragem de verão, assisti a um dos mais introspectivos concertos que me lembro. Não estava sozinha, mas deliciava-me com cada uma das músicas, como se só estivesse eu e o palco. E aquela enorme sala fosse o mais pequeno dos quartos. A criação de ambientes encantados, moldam uma paisagem mental fria, de tundras, fiordes, de florestas nuas em suspensão, num gélido inverno nórdico. Uma viagem ao fundo do meu eu, levada pelos sons frios da Islândia. Assisti como um verdadeiro Svefn-g-englar (sonâmbulo) ao alinhamento, ao borbulhar dos meus mais profundos sentimentos, vibrando ao som das cordas e da voz, daquela voz que me embalava ao longo daquela viagem surreal. Noite absolutamente mágica, com um total preenchimento do tão difícil pavilhão atlântico, de som, ambiente, imagens e calor. Não consegui parar, tal qual uma árvore ao sabor do vento, de balançar lentamente ao sabor da música, como uma dança à distância com um parceiro invisível, sentindo o musgo fofo e gélido sob os pés descalços. Um misto de inocência com mestria, a melancolia de um interminável lamento que termina cedo demais, um sentimento que cresce ao sabor de uma paixão calmamente arrebatadora. Um misto de contrassensos que tão bem se misturam e fazem todo o sentido. É como cair lentamente no precipício submerso, o poder respirar debaixo de água numa queda em câmara lenta, enquanto se tem a sensação de ser gentilmente elevado sobre o vazio.
Loka Augunum (fecho os olhos) e deixo-me invadir...

por um estado hipnótico
É assim, Sigur Ros



Sunday, July 09, 2006

Febre de sábado à noite - II



Feitiços lançados em torno da mesa negra
Encantando a chama da noite
Viagem ao passado que faz animar até a mais comum das palhas
Walk like an Egipcian...
Video kills the radio star deixando um Tainted love no ar:
And I've lost my light For I toss and turn I can't sleep at night
E o surdo ficou mesmo à porta

Saturday night fever

Saturday, July 08, 2006

warmth

Ao som de um Bad Timming, fico a olhar para o ecran em branco.Já com um post alinhavado, escrito em talões de multibanco que inundavam a mala, reconsidero e dou razão ao um Tom Barman, que continua a tocar. Realmente é um bad timming, trivialidades que, hoje, já não me motivam.
Em fim de semana agitado, agenda cheia, adivinho um domingo de ressaca mental. Depois de uma quinta inesperada e recompensadora, capaz de enternecer o mais sarcástico dos sentimentos, uma sexta agitada, com atenções divididas. Convívio alegres com amigos, testemunhar a excelente representação de outro amigo. Surpresas espreitam em cada esquina, umas boas, outras, ainda não sei. Fica, até agora, apenas manchado pelas dúvidas semeadas, pelas meias conversas, verdadeiras alfinetadas na curiosidade. Pelas preocupações com quem se gosta e por quem se pode nada fazer.
Mais uma dose se seguirá neste longo fim de semana.

Parabéns, minha amiga!
Que possamos comemorar muitos mais aniversários, envoltos em melhores circunstâncias.


Parabéns,meu amigo!
O teatro português está aí e recomenda-se.
Assim como as noites de lua cheia ;)

Monday, July 03, 2006

Noites em claro

São João outra e outravez?



Noite de sábado, 1 de Julho e os arraiais de S.João arrastam-se por mais outra semana, em terras de pescadores.
Toda a vila desce ao arraial mal amanhado, ao som de música mais que pimba, ensopando-se em copos 3 duplos e imperiais.
À minha chegada já o hino se cantava e a bebedeira era total, que em dia de ressaca de vitória da selecção, se apresentava como uma bizarra versão distorcida da mesma, com o equipamento a condizer. Fogueiras, churrascos, farturas, pipocas, algodão doce, cães que tentam roubar as bifanas, bailarico, onde mulheres dançam com mulheres e homens encostam-se ao balcão, de copo na mão.

Descubro que é possível cantar "Big in Japan" dos Alphaville, ao som da melodia de uma música de Tony Carreira. Tento aguentar. Mas sem sucesso. Sem sangria, sem tampões para os ouvidos...já é demasiada informação! Farto-me de todos os bêbados honorários, tão vermelhos quanto as t-shirts que envergavam e volto para casa, feliz por ter um bom livro à minha espera.
Definitivamente os arraiais da minha adolescência tinham mais piada.