Sunday, April 08, 2007

IR OU NÃO IR, A QUESTÃO É DIVULGAR

É estranho constatar, junto com as restantes 15 pessoas da plateia, o impacto que tem uma sala quase vazia, nos intervenientes do espectáculo.
Conversa, praticamente pessoal, no final do espectáculo, a culpa é do sistema.
Apesar do cansaço, da falta de sono, da extensão propagada por 3 horas, é sempre divertido assistir a um Hamlet.
O sarcasmo, a causticidade, vestidas de peles, estolas, napa e botas da tropa.
A duvidosa orientação, que vai bem mais longe que o misógeno:
"Leviandade, teu nome é mulher."
"Foi curto. Tal como o amor das mulheres." (será mesmo?)


"(...) que indigna criatura acreditas que eu seja?
Tocar-me-ias como um instrumento;
Tentarias aparentar conhecer os meus buracos;
Arrancar-me-ias os meus mais íntimos mistérios;
Pretendes tocar-me, desde a nota mais grave até a mais aguda de meu compasso;
E há muita música, excelente voz, neste pequeno órgão.
No entanto, não o consegues fazê-lo falar.
Pelo sangue de Deus! Pensas que eu seja mais fácil ser tocado que uma flauta?
Toma-me pelo instrumento que quiseres mas por muito que me dedilhes,
posso garantir-te que não conseguirás tocar-me(...)"
*Acto III, Cena II

Cheira-me a bem mais podridão no reino da Dinamarca, do que o simples chauvinismo, principalmente, se tivermos em conta que já lá vão uns 500 anos.

E vê-la retratada, é muito mais esclarecedora.


Foi catita, sim senhora.
E quantas vezes, podemos dizer, que ao assistirmos a um espectáculo,
a mente divaga numa viagem odorífera para as memórias de infãncia,
de tardes enfiada na casa atafulhada e bafienta das duas vizinhas velhotas,
a tomar chá e bolachas entre cortinas de veludo azeitona ?
(Freaks me out)

Mas sempre divertido.

"...o Terramoto..uma merda ! O outro...execrável! "
E os Malucos do Riso? - questiono, eu

Sabem sempre bem, as últimas conversas, mesmo antes de dispersar.
E o café, para bem breve, por favor!

(E espero que o Rosencrantz me perdoe, pelas impulsivas referências torcistas ao seu personagem)

Ide,
Hamlet por vós espera
No Trindade até ao final do mês
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* Acto III, Cena II
"Why, look you now, how unworthy a thing you make of me!
You would play upon me; you would seem to know my stops;
you would pluck out the heart of my mystery;
you would sound me from my lowest note to the top of my compass:
and there is much music, excellent voice, in this little organ;
yet cannot you make it speak.
'Sblood, do you think I am easier to be played on than a pipe?
Call me what instrument you will, though you can fret me,
yet you cannot play upon me."

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