Sunday, November 27, 2005


A ti,
Que nunca irás ler estas palavras,
Dedico esta carta:


Sobre o que podia ter sido, mas nunca chegou a ser.
Sobre o que, não sei se, alguma vez quis que acontecesse,
sobre o que nunca cheguei a sentir em pleno, para o realmente saber.

Desde a primeira vez que te vi, que a tua presença, em nada me foi indiferente.
Quando pensava que os nossos caminhos alguma vez se viriam a cruzar, longe estava de imaginar, que ao passar por ti, num momento de distracção, te iria sorrir. Um sorriso impulsivo e tímido que te daria a desculpa perfeita para dirigires o teu primeiro mas decidido, olá.

Longe de imaginar que passarias a te sentar na mesa próxima da minha, que curiosamente, passarias a colocar questões sobre mim, sobre o que fazia e de onde vinha, ignorando por completo os restantes presentes, que nos acompanhavam.

Que esse seria o início de tantos, fugazes mas recorrentes momentos, de trocas de olhares, timidamente provocatórios, de sorrisos infantis que ocultavam sentimentos não proferidos, de toques momentâneos, de despropositadas e longas esperas, que perpectuavam os curtos, mas empolgantes, momentos em conjunto.
Entre conversas sobre tudo e sobre nada, cultivando e alimentando algo que nunca soube definir.
Algo demasiado, para nada ser, mas demasiado pequeno para ser alguma coisa.

Mas o tempo foi passando e o que havia, nunca permitimos que se aprofundasse. Agora, o nosso tempo passou e o que podia ter sido nunca chegará a ser.

Hoje, recordo com serenidade as sensações intensas que faziam ansiar pelo encontro seguinte: do friozinho na barriga, da trepidação nos joelhos, das reacções desajeitadas da descoberta.

Hoje, sem arrependimento, ao lembrar de ti,recordo a magia dos fugazes momentos que passámos.
Que sejas feliz e encontres o que procuras, porque eu continuarei a procurar encontrar a minha.
Agradeço-te por aqueles momentos mágicos, que agora recordo, com carinho:

Do que podia ter sido e nunca foi

...E que se tornou perfeito por nunca ter sido.

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