Sunday, October 08, 2006

weirddd...

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Finalmente...

estou a chegar ao fim da TRAGÉDIA NA RUA DAS FLORES ...
já salivo pelo virar da última folha

Thursday, October 05, 2006

Monday, October 02, 2006

EU QUERO!

Descobri que estou a passar a fase do “QUERO”. Os putos passam a fase dos “porquê”s, eu entrei nesta nova fase. Depois de aguardar pacientemente, todos os incidentes e consequências deles derivados, durante o último mês, estou com uma vontade louca de arregaçar as calças e pôr as pernas à vida.

Quero que esta semana passe rápido;
Quero ir à consulta de ortopedia;
Quero que o médico me tire o gesso;
Quero começar a pôr o pé no chão;
Quero dar passadas, sem ser em forma de monopassos esquerdos, nem que pareça uma aleijada;
Quero subir escadas, sem receio de me espetar e dar cabo da outra perna;
Quero começar a fisioterapia e gritar com o fisioterapeuta, por dor e frustração;
Quero voltar para o atelier;
Quero estar com os meus amigos, principalmente aqueles que nunca mais os vi;
Quero honrar os compromissos de saídas sine die;
Quero jantar fora e ficar a bairrar noite dentro;
Quero ir a um concerto;
Quero ir a uma daquelas performances estranhas, num buraco qualquer;
Quero assistir a um bailado;
Quero ir ao cinema sem ser através do monitor do portátil;
Quero ir ao teatro, especialmente a este espectáculo:

Se tudo correr bem, estou lá

Entretanto, agarro-me à pequenas esperanças dadas por anjos da guarda personificados e esforço-me para reprimir as minhas pulsões, as minhas mais profundas loucuras, de rasgar as ligaduras, mandar o gesso às urtigas e sair por aí, a cheirar a relva acabada de cortar.

Saturday, September 30, 2006

Happy Brokenday


Hoje faz, precisamente, um mês que tive a maior queda da minha vida. Ao fim de três dias de choque, de duas semanas de absoluto tédio, apenas interrompido pelas visitas dos meus queridos amigos, e mais duas semanas de trabalho em casa e terapia de escrita e desenho, que me mantêm sã, continuo a sentir-me uma prisioneira da minha própria perna. Perna essa, que apesar de querer fugir do próprio gesso, que cada vez mais, me cai pela perna abaixo (estou a ver que ainda vou conseguir descalçá-lo que nem uma bota), apresenta-se agora como um verdadeiro depósito de peles, que coçam e saem embrulhados no algodão que envolve a perna, como se fosse cotão – sem dúvida, um paraíso para ácaros.
E cá vou indo, exercitanto mais o dedo que a perna, saltitando pela casa e treinando a minha fuga, enquanto olho pela janela, e vejo o verão virar outono.

Thursday, September 28, 2006

Geriatric Lust

Ia para mais de uma hora que, com os olhos fixos no livro, continuava, com um ar alienado, sem ler uma única linha. Uma decisão precisava de ser tomada e a opção certa teimava em se fazer definir. Nunca pensou chegar à situação em que se encontrava agora, sem pelo menos ter coragem para fazer uma opção...para fazer o que estava correcto. Por um lado, vivia uma relação que tinha tanto de carinhosa, como de ilegítima. Quando estavam juntos, sentia que era certo, que pareciam feitos um para o outro, apesar dele ser casado com outra mulher e insistir em não largar a família. Para ela, isso não era um problema, desde que tinha compreendido que podia viver o seu amor, sem complicações. Vivia o dia a dia, num contexto, estranhamente, calmo e confortável para quem não fazia parte de uma vida oficial, mas quem sabe, podia muito bem ser a parte mais importante da vida dele. O problema estava na falta de tempo, o tempo que ele dividia entre as suas duas vidas e que cada vez mais escasseava. Quantas eram as vezes que ela esperava, noite dentro, pelas suas escapadelas.
Mas agora, tinha, por um capricho do destino, conhecido um homem mais empolgante, mais envolvente...e disponível. Foi durante uma louca ida aos saldos, quando carregada de sacos, no momento em que todos pareciam que se iam desfazer, que ele veio em seu auxílio e se ofereceu para ajudar. Como um perfeito cavalheiro, carregou-lhe os sacos e convidou-a a beber um chá, Conversaram e perderam-se, durante horas, no olhar e nas histórias um do outro.
O que lhe pareceu, inicialmente, uma conversa absolutamente normal, de repente, foi como um acordar, de novo para a vida. Havia, novamente, aquela faísca, na troca de olhares, que há tanto havia ficado adormecida, na sua actual relação. Ele mostrou-se interessado, trocaram os números e combinaram voltar a se encontrar. Estaria ela disposta a embarcar, no que lhe parecia uma aventura intensa, que provavelmente iria consumi-la? Agora, não podia ver umas meias de descanso, que logo a faziam lembrar a ala do calçado ortopédico, onde se tinham conhecido.
E o que, até então, ela sempre pensou ser o seu grande amor, continuava casado, ia para mais de 60 anos. Não tinha esperanças em que ele fosse só seu, mas queria mais. E nada garantia que o seu caso durasse muito mais tempo. Se por um lado continuava a gostar muito dele, tinha que ser realista. Dava agora por si a pensar no outro e em tudo o que ele lhe prometia e que parecia poder proporcionar, com os seus 68 anos. Tinha que tomar uma decisão, afinal o tempo também já não era seu amigo. Apesar de ninguém lhe dar mais de 70 anos, os sinais de alerta estavam lá – arteriosclerose, artroses, cataratas e gota.
Suspirou bem fundo, ajeitou a dentadura e voltou a atenção, de novo, para o livro de puzzles. Ah! - afinal está aqui a palavra que faltava.

Monday, September 25, 2006

o início


Ela hesita ao se aproximar da porta de madeira envelhecida. O coração acelera, até pulsar ao ritmo da música que vem do interior. Inspira fundo e entra, como se dominasse o espaço. Com um nó no estômago, simula a segurança que lhe falha e descobre-o entre a multidão. Aproxima-se com passos leves, mas decididos. Os olhos dele iluminam-se ao vislumbrá-la entre os demais e sorri. Ela pára junto dele. Percorre, com o olhar, cada detalhe da sua face, como se quisesse imortalizar aquele momento perfeito, na sua mente. Trocam olhares cúmplices e a insegurança dissipa-se no momento. Ela aproxima-se e segreda-lhe ao ouvido. Demorei muito? Só a minha vida toda. O sorriso envergonhado solta-se num estado de euforia interior, quase infantil, que lhe enche a alma.

é impossível não gostar deles

com as suas manias, complicações

e inseguranças.

Thursday, September 21, 2006

Curiosidades

Em tempo de guerra, abrem-se trincheiras, constroem-se bunkers e dispõe-se a artilharia. Neste campo de concentração, que se tornou a vista da minha janela e a banda sonora dos meus dias, surge, uma noite, um fenómeno curioso.


Bem à porta de uma tal família Cruz, alguém se lembrou de brincar com as pedras, por colocar, do lancil. Alheio à ironia, que são as coincidências, em fazer uma montagem com as mesmas, em formato de cruz.

Monday, September 18, 2006

Hoje tiraram-me os agrafos

A sensação libertadora, do arranque, algo semelhante às sensações provocadas pela depilação com máquina, em que o puxão tem algo de arrepiante, quase bitter sweet, num ponto concentrado e profundo. Pelo menos foi como melhor descrevi, o facto de eu estar com um sorriso de orelha a orelha, à enfermeira preocupada com o trabalho de desmanche do outrora caderno de argolas com folhas e carne viva e capa em pele humana. E em cada orifício, de onde se retira um agrafo, se forma uma gota escura de sangue espesso. Segundo a opinião da mesma e do próprio médico, que muito me espantou ter aparecido, está bonito sim senhor, o meu pezinho. Parece que vamos no bom caminho e que o gesso deixa de fazer parte de mim, lá para 9 de Outubro.

Saturday, September 16, 2006

Hoje, estava a comer uma pizza e lembrei-me de ti

não que eu ache que saibas a atum, queijo ou ananás...

ou que sinta por ti uma atracção irresistível, apesar de fazeres mal ao colestrol.

mas porque me lembrei das noites de stress, em que nem à volta de uma pizza nos conseguíamos acalmar.

...ficou a faltar a mousse hagen daz

My left foot

o fe(e)tish continua