Friday, March 24, 2006

Lexotan pela manhã

A custo, acordo de um sono profundo, sob o peso de muitas ressacas que me pressionam a fronte. Sem noção das horas, entreabro os olhos que parecem ferir-se, ao primeiro contacto com a luz. Rebolo para o lado, que encontro vazio, a meu lado. Passo a mão pelo lençol até à almofada. O toque frio denuncia uma ausência prolongada. Encolho-me, aninhando os joelhos de encontro ao estômago. Cerro os olhos com força e tento não analisar aquela sensação de vazio.
Que se lixe!
Levanto-me de um pulo. Na casa de banho, a luz fluorescente tremelica a um o ritmo frenético e enervante. Olho para o espelho e não reconheço a cara que me olha de volta, com incredulidade.

Abro a porta do armário e procuro entre os frascos, o certo para a ocasião. Engulo em seco e volto a olhar nos olhos daquela cara estranha espelhada. A realidade cai como uma pedra - Até onde desceste?!
Volto a abrir o armário e tiro mais dois comprimidos:
“hoje não vai ser um dia fácil”
Coloco-os na boca e engulo-os de um só trago, enquanto penso que amanhã, deixo-os de vez.

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