
Friday, May 05, 2006
Se do são

Thursday, May 04, 2006
Monday, May 01, 2006
Cenas de um casamento



A entrada triunfal do bolo, ao som da epopeia banda sonora de 1492, às escuras e à luz de archotes, faz-me pensar se de dentro do bolo não estivesse para sair uma figura guterrista. Pela noite fora, Karaoke à parte, a Ficha Tripla viu-se mesmo obrigada a correr com os artistas de ocasião que lhe estavam a ganhar o gosto, não antes sem conseguirem prevenir uma desafinada actuação de 5 doces com um final gritante e prolongado, digno de Axel Rose. São as cenas de um casamento, cujas memórias vão ficar, é a imagem dos centros de mesa só com caules de flores, depois do passar o vendaval que decorou o carro dos noivos, é o não encomendar fotos por não conseguir fixar um único número, é a esperança de o "amanhã de manhã" não ter ficado gravado em vídeo, é o desejo de uma vida recheada de muita felicidade e alegria, que sei que os noivos irão ter.
Sweets for my suite
Sunday, April 30, 2006


Sunday, April 23, 2006
Despida por solteiros(?!)

Sou a primeira a chegar em noite de grande jogo do Dragão.
No final de uma intensa luta com a picanha, munida apenas de uma faca de gume cego, regada por alguma sangria e caipirinha, o chefe de mesa, parece, por unanimidade, uma cópia exacta do tipo do Aquário de Vancouver, série juvenil, trancada nas nossas memórias de infância. Com a noite ainda no início, acabamos por dar uma volta na capital do jogo, antes de abanar a bunda ao ritmo do axê.

O Staff usa uma farda muito gay, demasiado pink.
O stripper acaba por perder a cabeça... É caso para dizer "Muita Parra e pouca uva".


Entre Slot Machines da Playboy e de séries clássicas da TV americana, desconhecidas em Portugal, nem o Kenny Rogers faltou - o cowboy cantor, aparentemente, com um problema de jogo.
Muitas luzes, muitas cabeças. Cenários moldados pela luz de led, montando ambientes de desgaste rápido e hipnotisante...demasiado cheios para surtir efeito.
Aula de axê pela noite dentro e conversa até de madrugada.
O grande dia está a chegar...
Friday, April 21, 2006
Naquele final de tarde, ela descia a rua ensombrada pela nítida sensação de que poderia se cruzar com alguém familiar. Haviam grandes hipóteses de tal acontecer, mas à medida que se ia afastando do ponto de origem e ia entrando na grande praça, as hipóteses de tal encontro se darem, iam-se tornando reduzidas. Ao atravessar, o som da buzinadela decidida e provocatória fê-la pensar que, mais uma vez , a sua percepção não a tinha deixado ficar mal. Ao olhar para trás, não reconheceu o carro e lançou um olhar de desprezo ao condutor.

Monday, April 17, 2006
You bring me closer to God - Nine Inch Nails


Sunday, April 09, 2006
Pieces of April

Sexta feira, bilheteiras a abarrotar – centro de convívio da “crème de la crème”. Sinto-me uma intrusa no meio das extensões louras e da base laranja. Falta-me os tiques, as gargalhadas forçadas e estrondosas, da teatralidade com que joga as mechas para trás, desviando-as das lentes de contacto azuis. Forço-me a lembrar o motivo que em levou ali – as coisas que fazemos pelos amigos! – e mergulho de novo nos meus pensamentos, enquanto ignoro a visão em triplicado.
De volta a casa, enquanto espero, observo as situações de um início de madrugada em Lisboa. Os taxistas falam alto e esbracejam animadamente. Passa-me pela cabeça que possa já haver demasiada animação para quem faz da condução uma profissão. Um indivíduo vomita os excessos de um final de semana, no banco da paragem, afastando todos com repulsa. Os passos apressados para o comboio fazem deixar cair um casaco, do qual saltam algumas moedas, que rolam até aos meus pés, quietos na beira do lancil. Olho para as moedas insignificantes, nem por um momento me passa pela cabeça apanhá-las e imagino que riqueza trará a quem as apanhar. Finalmente chega o autocarro. Dele sai uma senhora bem posta - como se costuma dizer - que anda ritmadamente devagar, com os olhos postos no chão, talvez absorta nos pensamentos da sua vida. Num movimento certeiro baixa-se e apanha algo de penso ser uma moeda – olha que belo presente a espera aos meus pés! – ao passar por mim, nenhuma das 3 moedas lhe escapam ao olhar treinado. Sorrio com desdém trocista – mais umas moedas e talvez dê para um café - obviamente não necessita de caridade, apenas não deixa escapar uma oportumidade. De volta a casa, penso no que vou escrever enquanto me abstraio do alvoroço das inglesas, com bilhete para um DJ, que se enojam com a visão do indivíduo que continua a expelir os excessos de uma noite de sexta em Lisboa.
Tuesday, March 28, 2006
Domingo em Frida e maratona na Ponte

São os dias loucos de Domingo em Lisboa: combinar encontros na manhã em que muda a hora. A distracção de ir ao CCB em dia de Maratona. É ir a Belém comer pasteis de cerveja.
É estar com os amigos mesmo quando a vontade era ter ficado a dormir.

As hipóteses de divertimento, porém, disparavam proporcionalmente à falta de fé – com entrada grátis, na pior das hipóteses, tinha a certeza de que me divertiria a troçar com a qualidade do trabalho.
22h e pouco, com tão já característico atraso, partimos em busca da bomba que oscilava entre a sexual e a suicida – ganhou a 2ª, por razões óbvias. Curiosamente, o número da porta teimava em ser achado, começando a duvidar da existência do mesmo, no nosso plano de existência. Estranhando a ausência de um lugar passível de acolher um espectáculo ou avistar qualquer ajuntamento que o denunciasse, por tentativas pouco lógicas, acabámos por descobrir a tal travessa, mais a bomba, que se anunciava como performance de dança.
À entrada, dois sujeitos de cerveja na mão, exclamavam um íntimo olá, como se há muito esperassem pela nossa chegada. Ao passar a grande porta daquele armazém, deparamo-nos com uma sequência de imagens que, por momentos, pensei se tratar da própria aventura anunciada: Um Hall cheio de dezenas de caixotes de lixo, uma garagem, escadas e corredores sinuosos, traves caídas, fios eléctricos pendurados e nem uma pessoa que se deixasse ver. Seguimos o som da música, descemos as escadas apertadas para um novo corredor sinuoso, passamos a porta e a sensação é a de ter chegado ao backstage de um concerto. Somos ignoradas pelos três tipos que falam em espanhol, enquanto abrímos e espreitamos por todas as portas existentes na sala. Nada. Ignoradas por completo. Nenhum sabe o que estamos a perguntar, encolhem os ombros e sugerem virar à esquerda. Melhor ainda – novo corredor escuro e algo tétrico, sem saída viável "Se descemos mais vamos dar à morgue". Voltamos ao piso de entrada, nova direcção. Finalmente indicações minúsculas do tal estúdio. Estúdio? Ao entrar finalmente na sala que há tanto procurávamos encontrar, um grupo de 15 pessoas pára a conversa e as atenções centram-se na nossa chegada. A palavra “estúdio” continua a martelar-me na cabeça. Será que viémos parar a uma daquelas aulas em que temos de fingir ser árvores ao vento? Finjo saber o que faço e dou um boa noite convincente. Entregam-me um folheto e dirijo-me para lá das cortinas. Na sala vermelha, um sofá namora um grande ecran onde são projectadas imagens de uma performer. Sentamo-nos no fundo da pequena sala e questiono-me porque o público interessa-se mais pela sala do lado, onde conversam.
Ao fim de 3 minutos, o filme repete-se. Espero pela repetição para comentar. A jovem de vermelho continua em constantes contorsões e fanicos. Isto tem algo do do filme THE RING – o efeito sonoro demasiado weird, o grão da imagem, os tremeliques, a brancura asséptica do cenário. Comento que a Samara cresceu, cortou o cabelo e agora veste-se de vermelho para vir para o Bairro. Desisto das imagens que se repetem na tela e coloco a conversa em dia. Abandono o espaço lá pela 15ª vez que passa o filme, após descobrir que me estão a fotografar, a mim e às outras 6 pessoas que foram ver o espectáculo. Resumo da noite – não a trocava. Vale sempre a pena novas experiências.
Friday, March 24, 2006
Lexotan pela manhã
Que se lixe!
Levanto-me de um pulo. Na casa de banho, a luz fluorescente tremelica a um o ritmo frenético e enervante. Olho para o espelho e não reconheço a cara que me olha de volta, com incredulidade.
Abro a porta do armário e procuro entre os frascos, o certo para a ocasião. Engulo em seco e volto a olhar nos olhos daquela cara estranha espelhada. A realidade cai como uma pedra - Até onde desceste?!
Volto a abrir o armário e tiro mais dois comprimidos:
“hoje não vai ser um dia fácil”
Coloco-os na boca e engulo-os de um só trago, enquanto penso que amanhã, deixo-os de vez.
Sunday, March 19, 2006
The sweet embrace of death
"She shivers in the wind like the last leaf on a dying tree. I let her hear my footsteps. She only goes stiff for a moment .

- Care for a smoke?
- Sure, I'll take one. Are you as bored by that crowd as I am?
- I didn't came here for the party. I came here for you. I've watched you for days. You're everything a man could ever want. But it's not just your face, your figure or you're voice...It's your eyes. All the things I see in your eyes.
- What is it you see in my eyes?
- I see a crazy calm. You're sick of running. You're ready to face what you have to face. But you don't want to face it alone.
- No, I don't want to face it alone.
The wind rises, electric. She's soft and warm and almost weightless. Her perfume is a sweet promise that brings tears to my eyes. I tell her that everything will be all right. That I'll save her from whatever she's scared of and take her far, far away. I tell her I love her.
The silencer makes a whisper of the gunshot. I hold her close until she's gone. I'll never know what she was running from. I'll cash her check in the morning.

The Man
(sin city)
À noite, todos os gatos são pardos
Conversas em dia e jogadas fora, na alienação da chegada dos convidados, por sinal, em maior número que os lugares à mesa.
Juntam-se os bons malandros no canto estratégico.
E venha mais um lassi de manga!
Os tropeções constantes no saco do chicote.
Ai... o chicote...como tinhas razão em pensar que eu ia achar interessante a nova forma que estás a aprender.
E o mp3 para 5 que nem por isso me elucidou na melodia da capicoa da vida. Não seja por isso, inventam-se.
Qual vista para o rio, qual o quê! O que queremos são desculpas para estar em boa companhia. Onde mais é que íamos conseguir um bar decorado em honra da aniversariante?
Parabéns, amiguinha. Take control and B a happy nerd!
A chinada na mula
Depois de tão aceso debate, não podia deixar passar em branco e esta é especial para vocês:
PROJECTO
A CHINADA NA MULA
Enquanto te relia o Monte dos Vendavais
E tentava baixar os MP3's convencionais
Foi aos 22 outonos
Que tão profundo me doeu
Na capicôOOOoahhh da vida
A MINHA MULA MORREU!
Sunday, March 12, 2006
Do you, do you wanna?
Agora, se há uma coisa que me anda a desafiar os pensamentos é uma nova atitude, que se pega a moda, não vai haver postes que lhe cheguem. O que inicialmente me pareceu um caso isolado, há umas 2 semanas, onde numa festa, fui brindada com a visão de uma tentativa de engate a um pilar, por parte de uma jovem, que por ter os óculos embaciados ou com a graduação desactualizada, passou bem mais de uma hora a dançar somente para ele, enquanto o acariciava timidamente, numa clara tentativa de sedução. Apesar da sua total devoção, felizmente, a miúda não teve sorte em convencê-lo a ir com ela para casa, porque se tivesse conseguido, lá tínhamos levado com o piso de cima na cabeça. Nem mesmo as duas bebidas, que ela mais tarde segurava, enquanto dançava sedutoramente, o demoveram e ela lá se deixou levar pelas amigas, que finalmente devem ter percebido a figura que ela estava a fazer.Valeu a cena que suscitou um infindável rol de piadas que rondavam o facto do gaijo, apesar de alto e esguio, ter pés de chumbo, e como todo aquele trabalho nas artes de sedução foram em vão…porque o gajo nem se mexeu.
Ora, passadas duas semanas, ainda dava motivo para piada e risotas, quando nova incursão na noite, em diferente cenário, dou com outra premiada mais o seu melhor amigo – o pilar.
Acho que mais uma vez, me anda a escapar uma dessas modas urbanas nocturnas, porque em nenhum dos casos, me pareceu que estivesse a pôr em prática as técnicas de pole-dancing, pela Carmen Electra ( que admito, umas horas antes, até andei a experimentar no mesmo poste).
Se bem que neste último caso, a moça estava já nem se aguentava com os olhos abertos, tal era o grau de alcolémia, não explica a anterior que andava a sumos.
Parece que vou ter que continuar a investigar para saber se, realmente, a moda chegou para ficar

Sunday, February 26, 2006
THAT 80'S SONG

Sunday, February 19, 2006

A chuva cai intensa e persistente. A sala pouco cheia, respira o silêncio. Apenas um violoncelo faz o número de abertura, arrancando sons repetidos e pouco melodiosos. A ideia reverberiza na minha mente – será demasiado experimentalista para mim? Aos poucos os sons vão tomando conta e o cansaço da semana acumulada começam a surtir efeito. Desisto e fecho os olhos. À medida que esvazio a cabeça de pensamentos, a imagem torna-se mais nítida. Já vi isto acontecer antes! As ideias entram em ebulição. O som ritmado e repetitivo, resgatado peculiarmente, ao violoncelo transforma-se num sistemático movimento de limpa pára-brisas, ritmando a espera ansiosa e intrigante de quem observa e aguarda. È perfeito para uma cena de suspense de um filme. À medida que os sons se tornam mais fortes, a atenção passa para lá do vidro e da chuva que por ele escorre, por entre o movimento das escovas e a cortina de água deixa adivinhar o culminar do gradual aumento do ritmo e vibrações que passam agora a ilustrar o barulho ensurdecedor do cravar de estacas. Perfeito. Uma verdadeira e surpreendente viagem sonora, da qual participei por motivos aleatórios que me levaram àquele espaço, naquela noite de chuva.
Thursday, February 16, 2006
A ver a vida passar

A ver o mundo passar,...um e outro dia, todos os dias, sempre igual, na mesma monotonia. Lá fora, tudo se funde numa mancha enevoada - edifícios, pessoas, automóveis,...
Tão perto e tão ausente, o pensamento, que se refugia num local distante.
A ver a vida passar, lá fora, à nossa frente, sem a conseguir agarrar. Escapa-se por entre os dedos, como se debatendo por uma libertação, que não consigo alcançar.
Resta o refúgio nesse local distante, feito desses fugazes momentos em que vivemos realmente.
Onde os sentimentos vislumbrados em olhares cruzados e as frases não proferidas se libertam do entorpecimento... e o medo de viver se desvanece, como o mundo lá fora.
Monday, February 13, 2006
Tuesday, February 07, 2006

As I sit here, I ponder.
About life and death, about dreams and treamours.
About fear of living and desire of accomplishing greater things.
I isolate myself to think, to plan, to try and make sense of a world that has lost its sense a long long time ago.
I feel alone in a crowded room but I feel complete with so few
If noone can truely see or understand me, then I'll let them keep trying.
I am what I am and tha's why I sit here and wonder.
Tuesday, January 31, 2006
Os não-espaços

para uma estranha dança suspensa.
Wednesday, January 25, 2006
Sunday, January 22, 2006
o chão é vosso
Uma pisada acidental numa desconhecida, impele a adolescente ainda não alcolizada, de pedir sistemáticas desculpas. O sobrolho franzido e o beicinho de dor simulado desvanecem-se para um espontâneo e inesperado “está bem” que causa a gargalhada entre os desconhecidos. Originando a consequente agressão ao jovem engraçadinho que teimou em gozar com a menina, repetindo a piada.
No interior, as poucas mesas ao canto da sala, davam os único sinais de lotação. A conversa fluiu ao ritmo da música, enquanto aguardando a subida ao palco de uma banda cujo trabalho era praticamente desconhecido. 2 horas de espera, longas e desesperantes, não fosse a óptima companhia e sempre existente tema de conversa.

O sucesso de uma saída é garantido pela qualidade da companhia – sempre o disse e continuo a defender.
A conversa não dá sinais de desgaste arrastando-se por mais um par de horas.
Uma noite excelente, para a qual, pouco contribuiu o programa original, como aliás, tem sido uma constante.
O programa cultural tem passado rapidamente para segundo plano e o convívio torna-se o tema central do encontro.
São assim as minhas saídas, independentemente da companhia. Sinal de que me rodeio de pessoas fantásticas com quem adoro estar e como, gritava o músico para a assistência “O chão é vosso!”
Friday, January 13, 2006

para ocultar, para esconder, para fingir, para enganar, para divertir, para seduzir, para ser diferente,...
Ocasionalmente ou intensamente, muitos são os fazem delas a sua pele até ao ponto de deixarem de conseguir distinguir a diferença entre o “eu” e a personagem.
Não conheço ninguém que aprove o seu uso, ninguém que goste de se relacionar com uma máscara, com um falso “eu”. No entanto, tenho aprendido que no fundo, também temem a verdade, temem ser verdadeiras, de se exporem tal como são.
Tenho tentado ser fiel ao que penso e ao que sinto, mas deparo-me muitas vezes com desconforto e incómodo da outra parte, em relação à verdade que tento seguir sem a impôr. Assisto a julgamentos errados sobre as minhas acções, sobre as minhas palavras, sobre a minha relação com o mundo, combato as tentativas de rotulagem, de estabelecerem limites aceitáveis para o que sinto. Não preciso de analisar para sentir. Sinto simplesmente, como existo sem ter que definir os "comos" e os “porquês” dessa existência.
É libertador viver sem rede, sem protecção de uma máscara... mas protecção de quê, afinal? De nos verem tal como somos? Que consequências desastrosas acarreta, afinal, para haver tanto receio?
Se por um lado é claro, sentir sem ter que definir ou escrutinar o sentimento, acabo por ter cuidado ao lidar com os outros, com quem não consegue viver sem rótulos, com quem se sente incomodado por se mostrar como é ou como sou.
Não me consigo libertar e tento, aos poucos, vencer essas barreiras. As máscaras que tento não usar com quem não faz sentido me esconder, quem conhece o meu “eu” com as minhas muitas facetas, quando me adapto às situações, quando me transformo sem me perder.
É assim espectáculo real da vida e os papeis que interpretamos nos diversos actos da nossa existência.
Saturday, January 07, 2006

A erva seca e amarelada teima em persistir naquele terreno cujos cuidados, há muito foram esquecidos. O velho pneu, ainda pendurado num ramo baixo de árvore, balança levemente na ponta da corda desgastada, como o enforcado que servindo de exemplo, permanece em exposição.
Em torno da casa de madeira, apenas alguns brinquedos esquecidos e gastos pelo sol, denunciam esta ter sido habitada. Cortinas velhas e esfarrapadas ondulam fora das janelas quebradas, cujos vidros enegrecidos pelo pó ocultam os seus mais íntimos segredos.Completamente absorvido por esta visão, como que num estado hipnótico, do qual não consigo me libertar, é impossível deixar de reflectir, de procurar uma explicação. O desconhecimento é rapidamente engolido por um desconcertante sentimento de angústia. Que terríveis acontecimentos terão tido lugar para tal cenário de abandono. O arrepio impulsivo eriça os cabelos na base da nuca, tornando impossível ignorar a percepção de uma tragédia.
Tuesday, January 03, 2006
Come out and play
Deambulando pelas celas sombrias, tropeço em volumes incertos, chocando contra corpos camuflados na escuridão que logo desaparecem. O som enervante de risos infantis invade o consciente – a cumplicidade por trás dos olhares mortiços denuncia intenções maléficas. À meia luz, acordando no meio de um pesadelo, o medo do desconhecido torna-se a única certeza. A adrenalina bombeia de novo a vontade de viver, tão intensa que sufoca a razão...