Friday, May 05, 2006

Se do são



A luz escorre suave pela pele . sublinhando o contraste pela sombra . abraçando as curvas ao de leve . com uma carícia terna e morna.

Monday, May 01, 2006

Cenas de um casamento

Em pleno Domingo escaldante, em peregrinação a Meca, no meio de saltos altos que agonizam, gravatas que sufocam e indumentárias dignas de uma gala, que moldam e toldam o comportamento, inicio a campanha para as fotos de promoção do novo filme de James Bond, com direito bondgirls, na passadeira vermelha. A censura ao ajeito do decote, quando os restantes se benzem, o sermão cómicamente improvisado, a homenagem imperceptível, atabalhoadamente salteada e intercalada com murmúrios – “as palavras custam-lhe a sair” e o Cigalla repousa no banco, aguardando o momento em que vai chover sobre os noivos. Dou por mim, sob um sol abrasador, que derrete os miolos, a explicar o significado da tradição de jogar arroz sobre o casal – logo eu que não sigo tradições por seguir, percebo que entre as pétalas e o arroz, até à minha divina intervenção sapiente, a ideia era a de uma simples praxe. Questiono-me sobre o peso do papel do fotógrafo no espectáculo-casamento: Perturba-me que os timmings sejam controlados por esta figura, que acaba por se revelar, não um simples director de fotografia, mas um realizador do próprio filme – agora, todos façam o favor de ir para a escadaria para a foto de conjunto! – ao que eu comento, sim, vamos para a grande escadaria de dois degraus, pode ser que caiba toda a gente. Já o Cameraman, apesar de ser incomodamente stalker, acabava por ser mais discreto. Brindados toda a tarde, pela fabulosa banda Ficha Tripla, cujos trocadilhos com o nome, pareciam-me intermináveis – sim, eram 3 – e cujo momento alto, foi bem alto ao microfone “já vamos testar essas gargantas, enquanto afino aqui o meu instrumento”. Até o garçon, senhor grisalho e respeitoso, não pôde deixar de se contagiar pela boa disposição na mesa. Alguns tintos mais tarde e um branco que fez sentir o efeito, até ali não sentido e acumulado dos anteriores, sigo em peregrinação ao café. Bendito fosse, não viesse ele, acompanhado pelo Beirão, que daí à sessão de fotos de promoção Bond, com direito a assistente de produção, não ouve como escapar, pois não, James? Alguns Beirões mais tarde, continuamos a apanhar banhos de sol, de final de tarde, descalços com os pés na erva fresca, a torturar os noivos com falsas prendas que apontam dicas enigmáticas e preocupantes sobre a prendas mistério.

A entrada triunfal do bolo, ao som da epopeia banda sonora de 1492, às escuras e à luz de archotes, faz-me pensar se de dentro do bolo não estivesse para sair uma figura guterrista. Pela noite fora, Karaoke à parte, a Ficha Tripla viu-se mesmo obrigada a correr com os artistas de ocasião que lhe estavam a ganhar o gosto, não antes sem conseguirem prevenir uma desafinada actuação de 5 doces com um final gritante e prolongado, digno de Axel Rose. São as cenas de um casamento, cujas memórias vão ficar, é a imagem dos centros de mesa só com caules de flores, depois do passar o vendaval que decorou o carro dos noivos, é o não encomendar fotos por não conseguir fixar um único número, é a esperança de o "amanhã de manhã" não ter ficado gravado em vídeo, é o desejo de uma vida recheada de muita felicidade e alegria, que sei que os noivos irão ter.

Am i Miss B.Haved?!

Sweets for my suite

Enquanto desce a rua confiante, testando os movimentos do pulso, o som sibilante rasga o ar ameno da noite, conferindo-lhe uma ligeira e enebriante sensação de poder.

Sunday, April 30, 2006


O calor desperta na cidade. A Sexta trás a promessa de um fim de semana longo e recheado. Desço a Rua Augusta, olho para a direita, em mais um edifício camuflado por andaimes, dois pares de perninhas pendem de igual modo. A semelhança vai até ao pormenor do pezinho traçado. A primeira imagem que se forma é a de uma publicidade, daquelas que, como poucas, toma partido do espaço físico onde se projecta. Não, não é uma publicidade ou instalação. Para minha desilusão, vejo o vulto do resto dos corpos. São mesmo dois trolhas sentados a trabalhar. É pena! comento entre risos. concordamos que teria sido uma boa ideia

Divagando pela Cidade


Sunday, April 23, 2006

Despida por solteiros(?!)

Sábado à noite, corro para o jantar de despedida de solteira, passo apressada pelo recém inaugurado Casino, que se adivinha um forte concorrente à peregrinação nocturna, de fim de semana, ao Vasco da Gama.

Sou a primeira a chegar em noite de grande jogo do Dragão.
No final de uma intensa luta com a picanha, munida apenas de uma faca de gume cego, regada por alguma sangria e caipirinha, o chefe de mesa, parece, por unanimidade, uma cópia exacta do tipo do Aquário de Vancouver, série juvenil, trancada nas nossas memórias de infância. Com a noite ainda no início, acabamos por dar uma volta na capital do jogo, antes de abanar a bunda ao ritmo do axê.


O Staff usa uma farda muito gay, demasiado pink.

O stripper acaba por perder a cabeça... É caso para dizer "Muita Parra e pouca uva".





Ainda apanhamos, ao jeito de Kaiser Chiefs, o equilíbrio de muitas bolas em maillot,no centro do bar que ajuda a perpectuar o efeito do alcool (tal qual stripper a sair do bolo).

Entre Slot Machines da Playboy e de séries clássicas da TV americana, desconhecidas em Portugal, nem o Kenny Rogers faltou - o cowboy cantor, aparentemente, com um problema de jogo.

Muitas luzes, muitas cabeças. Cenários moldados pela luz de led, montando ambientes de desgaste rápido e hipnotisante...demasiado cheios para surtir efeito.

Aula de axê pela noite dentro e conversa até de madrugada.
O grande dia está a chegar...

Blue Room, Red Light














Friday, April 21, 2006


Naquele final de tarde, ela descia a rua ensombrada pela nítida sensação de que poderia se cruzar com alguém familiar. Haviam grandes hipóteses de tal acontecer, mas à medida que se ia afastando do ponto de origem e ia entrando na grande praça, as hipóteses de tal encontro se darem, iam-se tornando reduzidas. Ao atravessar, o som da buzinadela decidida e provocatória fê-la pensar que, mais uma vez , a sua percepção não a tinha deixado ficar mal. Ao olhar para trás, não reconheceu o carro e lançou um olhar de desprezo ao condutor.
De repente, teve uma paragem. Afinal reconhecia aquele indivíduo que entretanto parara o carro e sorria, imbecilmente, pela janela. Olá! Tás boa? ...Olá ! respondeu ela, hesitante, falhando-se a voz, à medida que já pensava numa maneira de encurtar o encontro. Como não iria cair muito bem, se não parasse, pelo menos para um cumprimento breve, voltou atrás, sem grandes certezas da direcção a tomar. Só lhe ocorriam todos aqueles momentos chatos e enfadonhos com os quais tinha conseguido cortar radicalmente há anos. No entanto, deu o beneficio da dúvida, mas ao fim de duas frases trocadas percebeu que os anos, afinal, não tinham ajudado. Finalizando por ali o encontro, afastou-se com a certeza de que podia continuar a confiar na sua intuição e que não vale a pena questionar os julgamentos que fazemos das pessoas com as quais não conseguimos conviver .

Monday, April 17, 2006

You bring me closer to God - Nine Inch Nails


Passeio pela praia, no final de tarde, olho para o lixo trazido pelo mar. Questiono-me sobre a origem de alguns detritos. Fotografo aqueles que me parecem mais deslocados e por isso, apelam mais à minha atenção. Aproximo-me de um galho cravado na areia quase, escultoricamente, colocado. Em fim de semana de Páscoa, olho para a areia e sorrio. Uma peça cinzenta sobressai – um cristo abandonado, perdido na praia. De entre todos os detritos foi sem dúvida, o mais curioso. Não resisto. Registo o momento. Continuo à beira mar, confirmando as minhas suspeitas. Encontro as tão familiares rosas já envelhecidas, pelos dias de sol e sal, que indiciam práticas mais místicas. Para além destas, encontro ainda flores frescas – esta noite foi movimentada. Ficaram a faltar os charutos, a cachaça e as outras oferendas que costumo encontrar pela praia. No crepúsculo imagino ter encontrado chifres de caprino cobertas por larvas e moscas, uma verdadeira cena fétida e putrefacta que se desfaz, ao constatar que estou apenas perante bananas enegrecidas, simetricamente dispostas, cobertas de mel e vespas. Não preciso percorrer as encruzilhadas, nem passar à porta de cemitérios. O misticismo continua bem vivo e a ser praticado. E eu, em nome do ambiente, continuo a apagar velas deixadas acesas sob a vegetação e a recolher lixo deixado na praia. Quer sejam garrafas, copos ou anjos caídos, ignoro os avisos para deixar os despachos em paz.

Sunday, April 09, 2006

Pieces of April


Apresso-me para o metro, desvio-me de caras desconhecidas. Desligo-me daquela viagem até sentir o perfume agradavelmente subtil a meu lado. Se a escolha de um perfume reflecte a personalidade de quem o usa, olho com curiosidade e solto um sorriso – não é aplicável quando se trabalha numa loja de cosmética.
Sexta feira, bilheteiras a abarrotar – centro de convívio da “crème de la crème”. Sinto-me uma intrusa no meio das extensões louras e da base laranja. Falta-me os tiques, as gargalhadas forçadas e estrondosas, da teatralidade com que joga as mechas para trás, desviando-as das lentes de contacto azuis. Forço-me a lembrar o motivo que em levou ali – as coisas que fazemos pelos amigos! – e mergulho de novo nos meus pensamentos, enquanto ignoro a visão em triplicado.

De volta a casa, enquanto espero, observo as situações de um início de madrugada em Lisboa. Os taxistas falam alto e esbracejam animadamente. Passa-me pela cabeça que possa já haver demasiada animação para quem faz da condução uma profissão. Um indivíduo vomita os excessos de um final de semana, no banco da paragem, afastando todos com repulsa. Os passos apressados para o comboio fazem deixar cair um casaco, do qual saltam algumas moedas, que rolam até aos meus pés, quietos na beira do lancil. Olho para as moedas insignificantes, nem por um momento me passa pela cabeça apanhá-las e imagino que riqueza trará a quem as apanhar. Finalmente chega o autocarro. Dele sai uma senhora bem posta - como se costuma dizer - que anda ritmadamente devagar, com os olhos postos no chão, talvez absorta nos pensamentos da sua vida. Num movimento certeiro baixa-se e apanha algo de penso ser uma moeda – olha que belo presente a espera aos meus pés! – ao passar por mim, nenhuma das 3 moedas lhe escapam ao olhar treinado. Sorrio com desdém trocista – mais umas moedas e talvez dê para um café - obviamente não necessita de caridade, apenas não deixa escapar uma oportumidade. De volta a casa, penso no que vou escrever enquanto me abstraio do alvoroço das inglesas, com bilhete para um DJ, que se enojam com a visão do indivíduo que continua a expelir os excessos de uma noite de sexta em Lisboa.
Dear Sir Unseen, I know my music and I am willing to bet you ten times whatever pathetic price you paid to get in this place that the dog's tail is 'waggely.'
Now I want to hear you bark.

svelte gamine

Tuesday, March 28, 2006

Domingo em Frida e maratona na Ponte

O dia começa confuso.Ninguém sabe ao certo as horas a que ficou combinado. A maratona impossibilita a chegada a Belém. O caos do estacionamento deixa os residentes em polvorosa e sedentos de atacarem os inocentes que circulam, vezes e vezes sem conta. Penteados e sobrancelhas em Frida inundam os jardins. O mulato simpático perpetua um reconfortante déjá vu que faz recordar os tempos de faculdade e de pitas. As ciganas esconjuram, uma e outra vez, quem passa - há-de ter muita inveja ! Pois, hão-de mesmo fazer dinheiro a ler a sina...o melhor é voltar aos acessórios e perfumes na feira.Os pombos voam picado, na tentativa de apanharem restos do piquenique. Os idosos debatem-se com os coxos para apurarem o 1º a entrar no autocarro.

São os dias loucos de Domingo em Lisboa: combinar encontros na manhã em que muda a hora. A distracção de ir ao CCB em dia de Maratona. É ir a Belém comer pasteis de cerveja.

É estar com os amigos mesmo quando a vontade era ter ficado a dormir.




O prenúncio de um desastroso programa de sábado já se tinha feito anunciar com a visão de uma simples foto. Não gosto de fazer juízos de valor, muito menos com base em primeiras impressões, mas a verdade, é que estas são-me muito difíceis de ignorar uma vez que nunca me têm deixado ficar mal.
As hipóteses de divertimento, porém, disparavam proporcionalmente à falta de fé – com entrada grátis, na pior das hipóteses, tinha a certeza de que me divertiria a troçar com a qualidade do trabalho.

22h e pouco, com tão já característico atraso, partimos em busca da bomba que oscilava entre a sexual e a suicida – ganhou a 2ª, por razões óbvias. Curiosamente, o número da porta teimava em ser achado, começando a duvidar da existência do mesmo, no nosso plano de existência. Estranhando a ausência de um lugar passível de acolher um espectáculo ou avistar qualquer ajuntamento que o denunciasse, por tentativas pouco lógicas, acabámos por descobrir a tal travessa, mais a bomba, que se anunciava como performance de dança.
À entrada, dois sujeitos de cerveja na mão, exclamavam um íntimo olá, como se há muito esperassem pela nossa chegada. Ao passar a grande porta daquele armazém, deparamo-nos com uma sequência de imagens que, por momentos, pensei se tratar da própria aventura anunciada: Um Hall cheio de dezenas de caixotes de lixo, uma garagem, escadas e corredores sinuosos, traves caídas, fios eléctricos pendurados e nem uma pessoa que se deixasse ver. Seguimos o som da música, descemos as escadas apertadas para um novo corredor sinuoso, passamos a porta e a sensação é a de ter chegado ao backstage de um concerto. Somos ignoradas pelos três tipos que falam em espanhol, enquanto abrímos e espreitamos por todas as portas existentes na sala. Nada. Ignoradas por completo. Nenhum sabe o que estamos a perguntar, encolhem os ombros e sugerem virar à esquerda. Melhor ainda – novo corredor escuro e algo tétrico, sem saída viável "Se descemos mais vamos dar à morgue". Voltamos ao piso de entrada, nova direcção. Finalmente indicações minúsculas do tal estúdio. Estúdio? Ao entrar finalmente na sala que há tanto procurávamos encontrar, um grupo de 15 pessoas pára a conversa e as atenções centram-se na nossa chegada. A palavra “estúdio” continua a martelar-me na cabeça. Será que viémos parar a uma daquelas aulas em que temos de fingir ser árvores ao vento? Finjo saber o que faço e dou um boa noite convincente. Entregam-me um folheto e dirijo-me para lá das cortinas. Na sala vermelha, um sofá namora um grande ecran onde são projectadas imagens de uma performer. Sentamo-nos no fundo da pequena sala e questiono-me porque o público interessa-se mais pela sala do lado, onde conversam.
Ao fim de 3 minutos, o filme repete-se. Espero pela repetição para comentar. A jovem de vermelho continua em constantes contorsões e fanicos. Isto tem algo do do filme THE RING – o efeito sonoro demasiado weird, o grão da imagem, os tremeliques, a brancura asséptica do cenário. Comento que a Samara cresceu, cortou o cabelo e agora veste-se de vermelho para vir para o Bairro. Desisto das imagens que se repetem na tela e coloco a conversa em dia. Abandono o espaço lá pela 15ª vez que passa o filme, após descobrir que me estão a fotografar, a mim e às outras 6 pessoas que foram ver o espectáculo. Resumo da noite – não a trocava. Vale sempre a pena novas experiências.

Friday, March 24, 2006

Lexotan pela manhã

A custo, acordo de um sono profundo, sob o peso de muitas ressacas que me pressionam a fronte. Sem noção das horas, entreabro os olhos que parecem ferir-se, ao primeiro contacto com a luz. Rebolo para o lado, que encontro vazio, a meu lado. Passo a mão pelo lençol até à almofada. O toque frio denuncia uma ausência prolongada. Encolho-me, aninhando os joelhos de encontro ao estômago. Cerro os olhos com força e tento não analisar aquela sensação de vazio.
Que se lixe!
Levanto-me de um pulo. Na casa de banho, a luz fluorescente tremelica a um o ritmo frenético e enervante. Olho para o espelho e não reconheço a cara que me olha de volta, com incredulidade.

Abro a porta do armário e procuro entre os frascos, o certo para a ocasião. Engulo em seco e volto a olhar nos olhos daquela cara estranha espelhada. A realidade cai como uma pedra - Até onde desceste?!
Volto a abrir o armário e tiro mais dois comprimidos:
“hoje não vai ser um dia fácil”
Coloco-os na boca e engulo-os de um só trago, enquanto penso que amanhã, deixo-os de vez.

Sunday, March 19, 2006

The sweet embrace of death


"She shivers in the wind like the last leaf on a dying tree. I let her hear my footsteps. She only goes stiff for a moment .



- Care for a smoke?

- Sure, I'll take one. Are you as bored by that crowd as I am?

- I didn't came here for the party. I came here for you. I've watched you for days. You're everything a man could ever want. But it's not just your face, your figure or you're voice...It's your eyes. All the things I see in your eyes.

- What is it you see in my eyes?

- I see a crazy calm. You're sick of running. You're ready to face what you have to face. But you don't want to face it alone.

- No, I don't want to face it alone.

The wind rises, electric. She's soft and warm and almost weightless. Her perfume is a sweet promise that brings tears to my eyes. I tell her that everything will be all right. That I'll save her from whatever she's scared of and take her far, far away. I tell her I love her.


The silencer makes a whisper of the gunshot. I hold her close until she's gone. I'll never know what she was running from. I'll cash her check in the morning.


The Man

(sin city)

À noite, todos os gatos são pardos

Sexta feira, indian food.
Conversas em dia e jogadas fora, na alienação da chegada dos convidados, por sinal, em maior número que os lugares à mesa.
Juntam-se os bons malandros no canto estratégico.
E venha mais um lassi de manga!
Os tropeções constantes no saco do chicote.
Ai... o chicote...como tinhas razão em pensar que eu ia achar interessante a nova forma que estás a aprender.

E o mp3 para 5 que nem por isso me elucidou na melodia da capicoa da vida. Não seja por isso, inventam-se.
Qual vista para o rio, qual o quê! O que queremos são desculpas para estar em boa companhia. Onde mais é que íamos conseguir um bar decorado em honra da aniversariante?
Parabéns, amiguinha. Take control and B a happy nerd!

A chinada na mula

Migas:
Depois de tão aceso debate, não podia deixar passar em branco e esta é especial para vocês:


PROJECTO
A CHINADA NA MULA

Enquanto te relia o Monte dos Vendavais

E tentava baixar os MP3's convencionais

Foi aos 22 outonos

Que tão profundo me doeu

Na capicôOOOoahhh da vida

A MINHA MULA MORREU!







Sunday, March 12, 2006

Chega devagar, sem aviso. Apanha-nos desprevenidos. Num dia, estamos óptimos, no seguinte, pende sobre todos os aspectos da nossa vida. Os primeiros sinais, como uma ligeira impressão de desconforto, rapidamente escalam para uma sensação de total incapacidade. Sinto-me invadida por um desequilíbrio, que me tolda os sentidos. Afecta-nos o trabalho, a socialização, até os momentos de inércia e as noites mal dormidas parecem infindáveis. Sempre presente, teima em desaparecer. Falta a vontade de comer, de interagir e de criar. Só quero que isto passe. Só quero dormir e acordar livre desta sensação que me aperta o peito e sufoca a garganta. Desisto, rendo-me na luta com o inimigo invisível. Busco por um comprimido milagroso que não acho. O Paracetamol não faz efeito, apenas disfarça os efeitos dele resultantes. Que venham os antibióticos e os anti-inflamatórios, os xaropes e os anti-histamínicos. A paciência e a teimosia têm limites. Estou farta! Rendo-me por fim às drogas e à medicina moderna que me intoxica o organismo.

Do you, do you wanna?



Admito que às vezes descubro rituais urbanos que me passaram ao lado e que, aparentemente, toda a gente, conhece. Como a coreografia das ketchup e o que soa à letra do Dragonstea Din Tei. Dou por mim fora das “modas cheesy” do momento, daquelas que supostamente por serem tão más, têm piada – pelo menos é com essa que me tentam enganar.
Agora, se há uma coisa que me anda a desafiar os pensamentos é uma nova atitude, que se pega a moda, não vai haver postes que lhe cheguem. O que inicialmente me pareceu um caso isolado, há umas 2 semanas, onde numa festa, fui brindada com a visão de uma tentativa de engate a um pilar, por parte de uma jovem, que por ter os óculos embaciados ou com a graduação desactualizada, passou bem mais de uma hora a dançar somente para ele, enquanto o acariciava timidamente, numa clara tentativa de sedução. Apesar da sua total devoção, felizmente, a miúda não teve sorte em convencê-lo a ir com ela para casa, porque se tivesse conseguido, lá tínhamos levado com o piso de cima na cabeça. Nem mesmo as duas bebidas, que ela mais tarde segurava, enquanto dançava sedutoramente, o demoveram e ela lá se deixou levar pelas amigas, que finalmente devem ter percebido a figura que ela estava a fazer.Valeu a cena que suscitou um infindável rol de piadas que rondavam o facto do gaijo, apesar de alto e esguio, ter pés de chumbo, e como todo aquele trabalho nas artes de sedução foram em vão…porque o gajo nem se mexeu.
Ora, passadas duas semanas, ainda dava motivo para piada e risotas, quando nova incursão na noite, em diferente cenário, dou com outra premiada mais o seu melhor amigo – o pilar.
Acho que mais uma vez, me anda a escapar uma dessas modas urbanas nocturnas, porque em nenhum dos casos, me pareceu que estivesse a pôr em prática as técnicas de pole-dancing, pela Carmen Electra ( que admito, umas horas antes, até andei a experimentar no mesmo poste).
Se bem que neste último caso, a moça estava já nem se aguentava com os olhos abertos, tal era o grau de alcolémia, não explica a anterior que andava a sumos.

Parece que vou ter que continuar a investigar para saber se, realmente, a moda chegou para ficar


Sunday, February 26, 2006

THAT 80'S SONG


Com a noite fria, a chuva desaparece e sob o céu estrelado, as loucuras de uma noite de sábado fervilham pela cidade. As criaturas nocturnas arrastam-se das suas tocas e juntam-se numa bolha temporal, onde o retro 80 é que está a dar, ao som do mascar de pastilhas gorilas e de bombocas que ninguém viu sequer a cor. Em volta, um colectivo heterogéneo desengonça-se ao som dos ritmos sintetizados, enquanto uma pobre perdida dança com um pilar. Sob as luzes negras, os vampiros relevam-se e as imagens de filmes popcorn que vingavam há 20 anos intercalam cenas dos jogos spectrum, cujos gráficos reles e a pobreza de desempenho era o máximo para uma geração que ainda nem sonhava com telemóveis e internet. Memórias que ficam e que são recordadas em conversas, em desenhos animados e séries da nossa infância, que olhando para trás, para o que tanto significou na altura, só me resta uma conclusão: viva o progresso!

Sunday, February 19, 2006


A chuva cai intensa e persistente. A sala pouco cheia, respira o silêncio. Apenas um violoncelo faz o número de abertura, arrancando sons repetidos e pouco melodiosos. A ideia reverberiza na minha mente – será demasiado experimentalista para mim? Aos poucos os sons vão tomando conta e o cansaço da semana acumulada começam a surtir efeito. Desisto e fecho os olhos. À medida que esvazio a cabeça de pensamentos, a imagem torna-se mais nítida. Já vi isto acontecer antes! As ideias entram em ebulição. O som ritmado e repetitivo, resgatado peculiarmente, ao violoncelo transforma-se num sistemático movimento de limpa pára-brisas, ritmando a espera ansiosa e intrigante de quem observa e aguarda. È perfeito para uma cena de suspense de um filme. À medida que os sons se tornam mais fortes, a atenção passa para lá do vidro e da chuva que por ele escorre, por entre o movimento das escovas e a cortina de água deixa adivinhar o culminar do gradual aumento do ritmo e vibrações que passam agora a ilustrar o barulho ensurdecedor do cravar de estacas. Perfeito. Uma verdadeira e surpreendente viagem sonora, da qual participei por motivos aleatórios que me levaram àquele espaço, naquela noite de chuva.

Thursday, February 16, 2006

A ver a vida passar




A ver o mundo passar,...um e outro dia, todos os dias, sempre igual, na mesma monotonia. Lá fora, tudo se funde numa mancha enevoada - edifícios, pessoas, automóveis,...
Tão perto e tão ausente, o pensamento, que se refugia num local distante.
A ver a vida passar, lá fora, à nossa frente, sem a conseguir agarrar. Escapa-se por entre os dedos, como se debatendo por uma libertação, que não consigo alcançar.
Resta o refúgio nesse local distante, feito desses fugazes momentos em que vivemos realmente.
Onde os sentimentos vislumbrados em olhares cruzados e as frases não proferidas se libertam do entorpecimento... e o medo de viver se desvanece, como o mundo lá fora.

Tuesday, February 07, 2006


As I sit here, I ponder.
About life and death, about dreams and treamours.
About fear of living and desire of accomplishing greater things.
I isolate myself to think, to plan, to try and make sense of a world that has lost its sense a long long time ago.
I feel alone in a crowded room but I feel complete with so few
If noone can truely see or understand me, then I'll let them keep trying.
I am what I am and tha's why I sit here and wonder.

Tuesday, January 31, 2006

Os não-espaços

Reunião de gigantes metálicos,
Esqueletos de aço que se encontram
para uma estranha dança suspensa.
duas bestas que tanto me cativam e fascinam todas as manhãs

Sunday, January 22, 2006

















Percorro as ruas da cidade sem descanço
Procuro por algo que faça parar
Não sei o que procuro e incomoda-me
O facto de poder não o reconhecer quando o achar
Páro para pensar
Olho em volta e não vejo nada
Que me faça parar a procura
Continuo pelas ruas esperando encontrar
Aquilo que me faça parar de procurar

o chão é vosso

Lisboa, Sábado à noite, à porta de um qualquer espaço de concertos, uma multidão inexistente não se acotevela para entrar. Apenas 7 pessoas teimam ao frio da noite, esperando que a porta abra.
Uma pisada acidental numa desconhecida, impele a adolescente ainda não alcolizada, de pedir sistemáticas desculpas. O sobrolho franzido e o beicinho de dor simulado desvanecem-se para um espontâneo e inesperado “está bem” que causa a gargalhada entre os desconhecidos. Originando a consequente agressão ao jovem engraçadinho que teimou em gozar com a menina, repetindo a piada.

No interior, as poucas mesas ao canto da sala, davam os único sinais de lotação. A conversa fluiu ao ritmo da música, enquanto aguardando a subida ao palco de uma banda cujo trabalho era praticamente desconhecido. 2 horas de espera, longas e desesperantes, não fosse a óptima companhia e sempre existente tema de conversa.

O sucesso de uma saída é garantido pela qualidade da companhia – sempre o disse e continuo a defender.

A conversa não dá sinais de desgaste arrastando-se por mais um par de horas.

Uma noite excelente, para a qual, pouco contribuiu o programa original, como aliás, tem sido uma constante.
O programa cultural tem passado rapidamente para segundo plano e o convívio torna-se o tema central do encontro.
São assim as minhas saídas, independentemente da companhia. Sinal de que me rodeio de pessoas fantásticas com quem adoro estar e como, gritava o músico para a assistência “O chão é vosso!”

Friday, January 13, 2006

Todos as usamos uma ou outra vez:
para ocultar, para esconder, para fingir, para enganar, para divertir, para seduzir, para ser diferente,...
Ocasionalmente ou intensamente, muitos são os fazem delas a sua pele até ao ponto de deixarem de conseguir distinguir a diferença entre o “eu” e a personagem.


Não conheço ninguém que aprove o seu uso, ninguém que goste de se relacionar com uma máscara, com um falso “eu”. No entanto, tenho aprendido que no fundo, também temem a verdade, temem ser verdadeiras, de se exporem tal como são.
Tenho tentado ser fiel ao que penso e ao que sinto, mas deparo-me muitas vezes com desconforto e incómodo da outra parte, em relação à verdade que tento seguir sem a impôr. Assisto a julgamentos errados sobre as minhas acções, sobre as minhas palavras, sobre a minha relação com o mundo, combato as tentativas de rotulagem, de estabelecerem limites aceitáveis para o que sinto. Não preciso de analisar para sentir. Sinto simplesmente, como existo sem ter que definir os "comos" e os “porquês” dessa existência.

É libertador viver sem rede, sem protecção de uma máscara... mas protecção de quê, afinal? De nos verem tal como somos? Que consequências desastrosas acarreta, afinal, para haver tanto receio?

Se por um lado é claro, sentir sem ter que definir ou escrutinar o sentimento, acabo por ter cuidado ao lidar com os outros, com quem não consegue viver sem rótulos, com quem se sente incomodado por se mostrar como é ou como sou.
Não me consigo libertar e tento, aos poucos, vencer essas barreiras. As máscaras que tento não usar com quem não faz sentido me esconder, quem conhece o meu “eu” com as minhas muitas facetas, quando me adapto às situações, quando me transformo sem me perder.


É assim espectáculo real da vida e os papeis que interpretamos nos diversos actos da nossa existência.


Saturday, January 07, 2006

Muito tempo - Frango

Farrapos de tecido envelhecido, presos ao arame farpado ferrugento que veda o acesso à propriedade, são sacudidos freneticamente pelo vento insistente. Mais nenhum movimento se faz sentir. O tempo parece paralisado, preso numa bolha. O frio gélido penetra a roupa e fustiga o corpo, trespassando a carne até aos ossos. Sem sinal de vida por quilómetros, a sensação de vazio e abandono invade o mais fundo dos sentidos.
A erva seca e amarelada teima em persistir naquele terreno cujos cuidados, há muito foram esquecidos. O velho pneu, ainda pendurado num ramo baixo de árvore, balança levemente na ponta da corda desgastada, como o enforcado que servindo de exemplo, permanece em exposição.
Em torno da casa de madeira, apenas alguns brinquedos esquecidos e gastos pelo sol, denunciam esta ter sido habitada. Cortinas velhas e esfarrapadas ondulam fora das janelas quebradas, cujos vidros enegrecidos pelo pó ocultam os seus mais íntimos segredos.Completamente absorvido por esta visão, como que num estado hipnótico, do qual não consigo me libertar, é impossível deixar de reflectir, de procurar uma explicação. O desconhecimento é rapidamente engolido por um desconcertante sentimento de angústia. Que terríveis acontecimentos terão tido lugar para tal cenário de abandono. O arrepio impulsivo eriça os cabelos na base da nuca, tornando impossível ignorar a percepção de uma tragédia.

Tuesday, January 03, 2006

Come out and play

COCO ROSIE - Bear Hides And Buffalo


Deambulando pelas celas sombrias, tropeço em volumes incertos, chocando contra corpos camuflados na escuridão que logo desaparecem. O som enervante de risos infantis invade o consciente – a cumplicidade por trás dos olhares mortiços denuncia intenções maléficas. À meia luz, acordando no meio de um pesadelo, o medo do desconhecido torna-se a única certeza. A adrenalina bombeia de novo a vontade de viver, tão intensa que sufoca a razão...