Wednesday, November 29, 2006

STRANGE DAYS

Quando um dia me disseste
A TI, ACONTECE-TE TUDO
sorri e achei um exagero
Pensei que, simplesmente,
sei contar, as coisas mais comuns,
de maneira mais colorida.
Mas de facto, logo quando,
tento voltar à minha rotina,
entre filas apressadas e trânsito congestionado,
quando à falta de mãos livres
a tendência de segurar as coisas com os lábios
torna-se numa necessidade,
oiço alguém dizer AS MELHORAS, bem ao meu lado,
alguém que nem conhecia.
Ri-me e sinalizei com a cabeça o entendimento
Tirei o bilhete da boca e agradeci ao desconhecido.
Que apesar de desconhecido, continuou a desejar-me as melhoras.

Wednesday, November 22, 2006

E já está!

Tudo muito rápido.
A aventura maior foi mesmo levar a roupa para o cacifo, com as duas mãos cheias ...de muletas – não é fácil, mas sou resorcefull.
Chegada, registo, nem me sentei – entrada para os balneários
Chamada em fila, atribuição de cacifo e farda hospitalar – fica só com a cueca e o soutien – deve ser por ser quase Inverno, da última vez, só tinha direito a batas translúcidas.
Pelas raras vezes na vida, fui a última a me despachar da etapa da mudança de roupa.

Chego à porta da grande sala – faça favor de sentar.
Todos olham para mim, sem um sorriso ou uma palavra. Sinto-me familiarmente ridícula com aquela touca verde água que combina com bata de flanela, mal apertada nas costas, mas não com o chinelo descartável azul.
Estamos todos naquela linda figura. As enfermeiras também não escapam, com o conjunto em azul e com as socas de borracha.
Parece a preparação para um baile, naquela sala de espera asséptica.

Atravesso o espaço, elegantemente com as muletas, até à poltrona forrada com um lençol. Coube-me o lugar central, naquele convénio. Sinto os restantes 7 pares de olhos postos em mim. A enfermeira coloca-me exactamente igual aos demais, tapa-me as pernas com uma outra bata, igual à que visto – agora parecemos uma desmultiplicação de velhos assépticos, sentados à lareira, com a manta no colo.

Cateter no pulso, questionário, pode aguardar. Olho em volta e lembro-me de experiências nerológicas em símios, todos agrupados na mesma sala.

Ainda é cedo e anulo a minha presença, viajo para outro estado, para ser interrompida pelo Clark que hoje está, especialmente, conversador. Por mais despercebida e apagada que tento passar, mais esta experiência, apanho sempre com mau-feitios simpáticos e conversadores. Sou levada para a sala no meio de conversa casual.

Conversam comigo o tempo todo – agora vou besuntar-te o pé com betadine, vai ficar todo bronziadinho! Vais sentir uma picada, tas confortável?
Tento alienar-me das vibrações, das pressões, que sinto até ao âmago da anca. Sensações muito estranhas...há coisas que não se fizeram para se sentir por dentro.

Calham-me sempre os cirurgiões mais brincalhões que não me deixam de fora do evento. Elasticidade...Parece uma bailarina!! Percebi depois, quando vi a ligadura bem ao estilo da série Fame, o que ele queria dizer.

20 minutos, se tanto, fico de novo com o meu novo amigo que me calça e me aperta os atilhos da bata nas costas. Acompanha-me de novo, até ao sofá na sala conjunta, em conversa amena, como se passeássemos numa tarde de domingo, enquanto segura nas mãos, o meu soro.

Trazem-me um iogurt e bolachas, enquanto o Clark, visivelmente orgulhoso, com o seu pé de bailarina, troca impressões e datas de consulta comigo.
Mesmo tentando passar em branco, de todos os que lá vi, só eu estava com as atenções do enfermeiro, do cirurgião, do mestre cirurgião, que mais tarde ou mais cedo ou ao mesmo tempo, metiam conversa, o que me valeu a procura de esclarecimento de dúvidas por parte dos outros pacientes mais nervosos.

Correram comigo, 1 hora e meia depois de ter lá entrado. Mais pontos para tirar, um pé laranja para não molhar e segundo as palavras do Clark, se doer tem lá alguma coisa para as dores?...Ainda tenho os da outra operação, mas só me está a coçar os pontos. Ri-se - se der comichão mais “forte” já sabe...

E é assim, cá ando eu, com um parafuso, perdão, cavilha (como alguém descreveu) a menos. Restam-me os outros dois, a chapa, os pionéses e muitas situações hilariantes em aeroportos .

Sunday, November 19, 2006

Vamos cá esclarecer :

Ainda aqui ando.
Ainda não voltei de novo ao bloco...mas está quase.
As coisas não estão, nem por isso, a correr mal...estão a correr devagar, com surpresas a cada esquina, com actualizações a cada pequeno passo dado dentro da neblina do desconhecido.

Não fiquei, nem fico preocupada com esta ou outras operações q possam surgir - depois de toda a praxe que é um internamento, já estou mais que vacinada.
Até vai ser engraçado voltar a ver o bloco - tem um design muito hi-tech e a imagem intervenção de reconhecimento dos cientistas em torno do extra-terrestre que, alegadamente, caiu em Roswell lá por 49 ( ou do boneco e o balão metereológico) persegue-me até hoje.
Como ando por aí a dizer, só não me está mesmo a apetecer é epidurais, mas é mesmo porque o efeito secundário dura e dura por alguns dias.
Desde a 1ª e (espero) a última ressaca que ainda durou uns 4 a 5 dias, entrei para o EAMNPF (Epidurais Anónimos - Mais Não Por Favor!)
Prefiro mesmo assistir à sessão de marcenaria Drill&Extract.

Então está marcado : 8.30h na 4ª lá estamos para mais uma viagem ao mundo dos tectos de bloco operatório.
O riscado nas guarnições ...ui, espero não ficar de novo com o saco de soro entalado na porta, enquanto o suporte verga verga, até levar com o saco em cima.

Depois de uma "boa nova" , olhe tentámos contactá-la mas o nº não dava, por vamos tirar um parafuso...estaca de caminhos de ferro deve ser o melhor termo. Lá tivemos que andar a perseguir os serviços ambulatórios à falta de novo aviso.

Pois, o meu super-homem-clark-quente arranjou maneira de me pedir o telemóvel mas esqueceu-se de o passar aos serviços (só n acerto no euro-mlihões que, desta vez até fiz, sem grande resultado)

Desta vez, como tinha me sido dito , é para o operatório ambulante ou ambulatório operante
e só tenho direito a meia pensão ...sairei no final do dia ...acompanhada ( n sei bem o q isto quererá dizer)

Por um lado posso tomar o pequeno almoço, q indicia não haver epidurais reservadas para o dia.
Por outro, se tenho de entrar às 8.30h, podem muito bem deixar-me sem comer até às 16.30h e às 18h já estar pronta p sair com uma ressaca a mais e um parafuso a menos.

Vou mais pela 1ª

mas what ever - que escolha tenho eu

Estive na fonte da telha , finalmente, ao fim de quase 3 meses.
Andei entretida, a marcar na areia, as rotundas que se tornaram a sombra das minhas passadas.

Ao que parece, sou tão importante que e a minha vida deve ter saido na dica do jornal do Lidl.
Não me habituo a esta fama, a este estatuto de diva.

Sou cumprimentada por desconhecidos que me desejam as melhoras e perguntam se estou melhor. São raros os dias que saio à rua sem isso acontecer e os rumores espalham-se.
Já me querem fazer estar a operar mais cedo que o previsto, outros acham q as coisas não estão a correr bem, para ter que ser operada de novo, depois da explicação, acham que foi engano ou negligência ou simples capricho.

enfim
o que o povo gosta é de ter que falar e de preferência que possa passar num telejornal sensaciolalista.

O que vale é que já tenho os meus óculos de sol, de diva de anos 50...tentarei esconder as muletas atrás deles para passar despercebida, enquanto refilo por não me deixarem ficar com o telemóvel durante a curta estadia.

Até já

Copo meio cheio de esperanças vãs



Há dias bons, dias maus.
Dias em que o copo está meio cheio
Ou em que está meio vazio
Dias em que consegui, finalmente,
Sentir a areia e o cheiro salgado do vento.
Ou que estive ali tão perto,
Mas tão consciente das dificuldades.
Dias em que estive ao vivo e a cores
No ambiente a que estava habituada
Ou a sentir todas as dificuldades
Dos obstáculos que acarreta.
Quando os dias passam e me frustram
e já nem ligo às surpresas que se vão sucedendo
Mas que a hipótese de possíveis problemas
Noutros horizontes, que não os meus,
Socam, com força, os meus pensamentos

Monday, November 13, 2006

É uma meniiiiihina!

Boas notícias ! Parece que, vou mesmo manter uma rica perna, ao permanecer em minha posse, o titânio.
Tou mesmo a ver as aventuras de aeroporto que se seguem ao longo da vida...
Como já dizia por diversas vezes, cada vez que vou a uma consulta descubro uma coisa nova - não, não podem ser chatas estas coisas, sempre cheias novidades, surpresas e kinder estragados.
É claro que alguém se esqueceu de me avisar que, ao contrário da maioria das pessoas, eu não tenho um parafuso a menos, mas sim, um a mais. E como um Perónio não pode ficar pregado a uma Tíbia - tal como as rectas concorrentes, para sempre destinadas a correr lado a lado, sem nunca se cruzarem...zrrrrrrr!!!!

Hello again Hello Bright lights ! yes I still have the puncture wound. See you when I'll wake
(that will teach me not to make fun of being admited again)

Sunday, November 12, 2006

Maki


Aos poucos abandono o meu estado de retiro.
Tento, sem exagero, voltar à minha vida, testado os meus actuais limites, visitando a minha vida, sem, no entanto, a viver plenamente.
Final de mais uma semana.
Encontro para jantar.
Porquê pensar em pequeno?

Indo na loucura do momento, porque não Tókio?
Aguardando à porta de um demasiado frequentado sushi-bar...no Oriente os deficientes não têm prioridade.
Os pratos deslizam em frente aos olhos e porque são eles que começam por comer, as cores, as formas, a diversidade, seduzem e logo, na mesa escasseia o espaço e prolifera a animação.
Gueishas modernas não param nem abrandam o seu ritmo virtiginoso, com que atendem as mesas. Na nossa, a diversão passa por experimentar e construir arranha-céus de pratos coloridos.
Os pratos continuam a passar, delicados sedutores, na sua dança de movimento planar, preciosamente cronometrado, de modo a prender as atenções, aquando da sua passagem quase etérea, como uma criança numa loja de gomas.
O wasabi não me faz chorar, mas a combinação de um outro picante com chá verde, dá que ficar a pensar no caso.
No final, o palhaço não quis ficar na foto – deve estar com a mania que é estrela.
Mas também, não o deixaram participar na festa, mesmo ali ao lado.
A próxima?
Para onde?
Não sei, mas a companhia já é mais que o começo.

Thursday, November 09, 2006

Memórias em Branco

Meço o tempo pela marca do verniz, que teima em desaparecer, que se agarra relutante à superfície e que ainda cobre de branco, desde o dia em que me arrependi tê-lo feito.
O branco não combina comigo. Mas deixo-o ficar, constante lembrança do tempo que passou, de tudo o que passou.
Deixo-o e espero pelo tempo que ainda vai passar...a meio caminho de passar
...talvez, no dia em que finalmente desaparecer, naturalmente e por completo, o mesmo aconteça com as dificuldades que a ele, deixei permanecer relacionadas.
Porque o branco não combina comigo e o branco teima em passar.

Saturday, November 04, 2006

Sunday Mornings are a bitch

Abre os olhos e vê a luz que entra, já forte, pela janela. Lá fora, as vozes madrugadoras não olham a mais uns minutos de sono. Lança as pernas para fora da cama e sente o chão frio debaixo dos pés. Inspira fundo e devagar, levantando-se num só movimento. No caminho, pega a roupa amachucada, largada a um canto do quarto e leva consigo para a casa de banho. O espelho reflecte os traços cansados, realçados pelo lápis ainda esborratado. Abre a torneira, junta as mãos em concha e um arrepio percorre a espinha, enquanto mergulha a cara na água fria. Faz uma careta enquanto veste a roupa impregnada com o cheiro a tabaco e lança um último olhar para a cama, através do espelho. Dorme profundamente. Assim é mais fácil, sem decisões a tomar, como agir, o que dizer. Pega no resto das coisas e sai, fechando a porta atrás de si, sem fazer barulho. O sol forte faz-lhe arder os olhos. Ajeita os óculos e segue rua abaixo.

Os olhos de Khatmandu

Trindade, Kathmandu, bem podiam ser o mesmo - Rua do Alecrim ao Evereste. Não precisei de patrocínios nem perdi o nariz, mas fui à revelia e com surpresa em mente. Passei o resto da noite a levar nas orelhas, mas nada substitui, o alcance de uma meta interior, a surpresa estampada de uma visão surreal, a alegria contagiante de um amigo surpreendido...ou 2, mas principalmente, o superar de uma prova. Muito trabalho ainda pela frente, mas coxeio devagar para lá. Não dancei, mas vi dançar e os ferreros a passar. Assisti a mais um excelente trabalho de interpretação – de ti, não podia esperar outra coisa e nem sequer estavas lambidinho, mas as calças até ao sovaco, estavam a matar – estive com amigos, com conhecidos, com desconhecidos. Agora então, parece que não tenho como escapar, em ser um centro de atenções...as canadianas denunciam-me – maldito jogo de futebol!

Provei um pouco, o suficiente para molhar os lábios, de algo a que estava habituada, do que voltarei, qualquer dia, a beber, com as minhas habituais companhias e outras novas, porque não. Até lá...os testes continuam.

Wednesday, November 01, 2006

CURIOSIDADES

Numa manhã ou tarde de sol, num final de Setembro quente, andava a passear por um jardim em Barcelona, durante uma estafante semana de all-you-can-visit, quando a vontade de posar para as fotos deixou de ser levada a séria e completamente vencida pelo esgotamento de energias, um calhau pareceu-me uma excelente desculpa para repousar.

Essa ideia ficou para sempre, relembrada em provas fotográficas.

Tal não foi o meu espanto quando, passados 8 anos, numa lojeca de recuerdos em Salamanca, encontro uma ranita - um dos símbolos da cidade - posando num calhau. Não podia deixar de adquirir essa peça, testemunho das coincidências da vida, que tanto me divertem.

Não sou verde nem esbugalhada... mas mesmo assim, não deixa de ter piada.

Monday, October 30, 2006

Saturday, October 28, 2006

Voodoo?

Porque é que cada vez que pego numa agulha, ela acaba sempre espetada no dedo?
...uma, duas, três vezes...

definitivamente, não fui feita para costurar

Tuesday, October 24, 2006

All the sparks will burn out in the end...except mine

I miss the sun
Burning my back
Strong embrace
On a hot summer afternoon
Waiting in line
Joined by dear friends
The chords from inside
Still eccoe in my mind
And the sweet memories of that 7th day
Everytime I listen to this

Monday, October 23, 2006

Tragédia na Rua das Flores - Volume II

Virada a primeira folha do novo volume, a leitura torna-se mais rápida e menos entediante. O drama dá lugar à auto-satisfação de quem consegue seguir a história e se envolve no enredo. O virar de cada folha, começa a ter a sua piada e a vontade de chegar ao fim, já não é de um suplício, em que a tentação de saltar muitos capítulos, até ao final, cresce a cada linha e desistir da leitura obrigatória está fora de questão.
O preâmbulo do 2º volume, pareceu-me leve, até satisfatório...curiosa a sensação do látex morno na pele, nos pontos Y, M, I - zonas sensíveis de sensações arrepiantes, entorpecidas pela violência, pela intervenção e pela lesão e, ao contrário do que possa parecer, em nada erógenas.
WaterwalkAir structure event
Theo Botschuijver

Sunday, October 22, 2006

o EU que TU conheces

Sendo a primeira a dizer “que se lixe o que os outros pensam”, sei que somos, não só o que queremos ou conseguimos ser, mas também, o que outros acham que nós somos.
Quem eu sou e a percepção dos que me rodeiam têm de mim, acaba por se fundir, fazendo parte, também, de mim.
Vivemos reflectidos no olhar de terceiros. Terceiros que testemunham os nossos feitos, as nossas falhas, as nossas vitórias, o nosso crescimento, o nosso EU.
E como a História, a importância de um testemunho, um registo nem que seja mental, da nossa passagem pela vida, garante uma memória da nossa existência e de uma identidade, de outro modo desconhecida e inexistente aos olhos do mundo.
Continuo a lixar-me para o que os outros pensam, porque esses terceiros de quem eu falo, para mim, importam apenas os que me são queridos e têm um papel importante e relevante na minha vida. Cuja percepção do meu EU não será assim tão distante do meu Eu objecto, por mais parcial e incompleto que seja esse conceito.

E por essa razão, me é tão importante
a imagem que vejo reflectida nos teus olhos.

Thursday, October 19, 2006

Espaço Cultural - get you dictionaries!

" It is impossible to say how first the idea entered my brain;
but once conceived, it haunted me day and night.
Object there was none.
Passion there was none.
I loved that old man.
He had never wronged me.
He had never given me insult.
For his gold I had no desire.
I think it was his eye!
Yes it was this!
One of his eyes resembled that of a vulture -
a pale blue eye, with a film over it.
Whenever it fell upon me,
my blood ran cold;
and so by degrees -
very gradually -
I made up my mind to take the life of the old man
and thus rid myself of the eye for ever."

from THE TELL-TALE HEART by Edgar Allan Poe

Wednesday, October 18, 2006

Afinal é TRI !!!!

Peço desculpa pelas informações erradas que tenho fornecido, mas letra de médico será sempre letra de médico e como cada vez que vou a uma consulta descubro algo novo, normalmente por mim, hoje não foi excepção.

Como, logo no 1º e malfadado dia, em que andei a bisbilhotar as radiografias enquanto esperava e percebi a verdadeira dimensão da coisa - @#da-se! parti a tíbia tb, pensei eu na altura

Depois, vem o número de cicatrizes, a dimensão.

O tamanho e a quantidade de metal enfiado aqui

E agora, o que as minhas pesquisas na net, já me tinham dado a quase certeza - é uma fractura Trimaleolar e não Bi, como me tinha parecido o gatafunho médico.

Nada de espanto, porque segundo os esquemas, o pé completamente fora do sítio não engana ninguém.

Enfim, mas a vida não é só desgraças e como me costumam dizer "porra, quando fazes, fazes em grande, não te ficas com uma coisa simples" - pois é mon chérrie, eu n me fico por banalidades - tudo a sério e nada de superficialidades...

mas como dizia, a vida não é só desgraças e há que ver a graça nas pequenas e estúpidas coisas da vida e pelo menos hoje tive a autorização oficial p começar a utilizar o trombolho :P

Tuesday, October 17, 2006

I like scars





Like the spoils of wars

They remind me of

The battles I've fought


...


I just don't like

The way they feel inside

Monday, October 16, 2006

O caminho
















Do caminho hipnótico,
Em que, facilmente,
se tornam as nossas vidas,
Basta travar e sair.
Tomar coragem e seguir por um atalho
Ou, porque não, mudar de direcção
e tomar um novo rumo.
Que se lixe o destino!
Gozar a viagem
Ver novas paisagens
Conhecer outras pessoas
E talvez, quem sabe,
Chegar ao mesmo destino
Com outra bagagem.

Sunday, October 15, 2006

Fechado para balanço















Sem data de reabertura

Hoje fui às compras














para o dia a dia













para as noites/manhãs de fim de semana














para indirectas a daltónicos














para ti, que teimas em te fazer de difícil

Wednesday, October 11, 2006

OSSOS DO OFÍCIO

Olá, o meu nome é Fractura Trimaleolar
e sou uma osteossintetisada há exactamente 40 dias.

Tuesday, October 10, 2006

The weight of the world

on my back

o tempo e só o tempo

como é amargo o gosto da decepção.
como é destruidora a força conjunta de tantas pequenas adversidades.
como conta para tão pouco, os pequenos progressos, à luz de tantos obstáculos e dificuldades.
como o tempo se estica e se prolonga, quando queremos que ele passe.
como tudo parece mais difícil quando ele nos olha directamente nos olhos.

guardo na gaveta a ânsia e a euforia, para daqui a 5 semanas...
enquanto continuo a folhear o próximo capítulo

Monday, October 09, 2006

Dead man's foot (ou Leg)

qual é coisa, qual é ela,
que não via sol há 5 semanas,
mirrou e ganhou um trombolho na ponta?

A menina dança?

after all scaring is not an easy process

Sunday, October 08, 2006

weirddd...

assuntos relacionados, ver aqui

Finalmente...

estou a chegar ao fim da TRAGÉDIA NA RUA DAS FLORES ...
já salivo pelo virar da última folha

Thursday, October 05, 2006

Monday, October 02, 2006

EU QUERO!

Descobri que estou a passar a fase do “QUERO”. Os putos passam a fase dos “porquê”s, eu entrei nesta nova fase. Depois de aguardar pacientemente, todos os incidentes e consequências deles derivados, durante o último mês, estou com uma vontade louca de arregaçar as calças e pôr as pernas à vida.

Quero que esta semana passe rápido;
Quero ir à consulta de ortopedia;
Quero que o médico me tire o gesso;
Quero começar a pôr o pé no chão;
Quero dar passadas, sem ser em forma de monopassos esquerdos, nem que pareça uma aleijada;
Quero subir escadas, sem receio de me espetar e dar cabo da outra perna;
Quero começar a fisioterapia e gritar com o fisioterapeuta, por dor e frustração;
Quero voltar para o atelier;
Quero estar com os meus amigos, principalmente aqueles que nunca mais os vi;
Quero honrar os compromissos de saídas sine die;
Quero jantar fora e ficar a bairrar noite dentro;
Quero ir a um concerto;
Quero ir a uma daquelas performances estranhas, num buraco qualquer;
Quero assistir a um bailado;
Quero ir ao cinema sem ser através do monitor do portátil;
Quero ir ao teatro, especialmente a este espectáculo:

Se tudo correr bem, estou lá

Entretanto, agarro-me à pequenas esperanças dadas por anjos da guarda personificados e esforço-me para reprimir as minhas pulsões, as minhas mais profundas loucuras, de rasgar as ligaduras, mandar o gesso às urtigas e sair por aí, a cheirar a relva acabada de cortar.

Saturday, September 30, 2006

Happy Brokenday


Hoje faz, precisamente, um mês que tive a maior queda da minha vida. Ao fim de três dias de choque, de duas semanas de absoluto tédio, apenas interrompido pelas visitas dos meus queridos amigos, e mais duas semanas de trabalho em casa e terapia de escrita e desenho, que me mantêm sã, continuo a sentir-me uma prisioneira da minha própria perna. Perna essa, que apesar de querer fugir do próprio gesso, que cada vez mais, me cai pela perna abaixo (estou a ver que ainda vou conseguir descalçá-lo que nem uma bota), apresenta-se agora como um verdadeiro depósito de peles, que coçam e saem embrulhados no algodão que envolve a perna, como se fosse cotão – sem dúvida, um paraíso para ácaros.
E cá vou indo, exercitanto mais o dedo que a perna, saltitando pela casa e treinando a minha fuga, enquanto olho pela janela, e vejo o verão virar outono.

Thursday, September 28, 2006

Geriatric Lust

Ia para mais de uma hora que, com os olhos fixos no livro, continuava, com um ar alienado, sem ler uma única linha. Uma decisão precisava de ser tomada e a opção certa teimava em se fazer definir. Nunca pensou chegar à situação em que se encontrava agora, sem pelo menos ter coragem para fazer uma opção...para fazer o que estava correcto. Por um lado, vivia uma relação que tinha tanto de carinhosa, como de ilegítima. Quando estavam juntos, sentia que era certo, que pareciam feitos um para o outro, apesar dele ser casado com outra mulher e insistir em não largar a família. Para ela, isso não era um problema, desde que tinha compreendido que podia viver o seu amor, sem complicações. Vivia o dia a dia, num contexto, estranhamente, calmo e confortável para quem não fazia parte de uma vida oficial, mas quem sabe, podia muito bem ser a parte mais importante da vida dele. O problema estava na falta de tempo, o tempo que ele dividia entre as suas duas vidas e que cada vez mais escasseava. Quantas eram as vezes que ela esperava, noite dentro, pelas suas escapadelas.
Mas agora, tinha, por um capricho do destino, conhecido um homem mais empolgante, mais envolvente...e disponível. Foi durante uma louca ida aos saldos, quando carregada de sacos, no momento em que todos pareciam que se iam desfazer, que ele veio em seu auxílio e se ofereceu para ajudar. Como um perfeito cavalheiro, carregou-lhe os sacos e convidou-a a beber um chá, Conversaram e perderam-se, durante horas, no olhar e nas histórias um do outro.
O que lhe pareceu, inicialmente, uma conversa absolutamente normal, de repente, foi como um acordar, de novo para a vida. Havia, novamente, aquela faísca, na troca de olhares, que há tanto havia ficado adormecida, na sua actual relação. Ele mostrou-se interessado, trocaram os números e combinaram voltar a se encontrar. Estaria ela disposta a embarcar, no que lhe parecia uma aventura intensa, que provavelmente iria consumi-la? Agora, não podia ver umas meias de descanso, que logo a faziam lembrar a ala do calçado ortopédico, onde se tinham conhecido.
E o que, até então, ela sempre pensou ser o seu grande amor, continuava casado, ia para mais de 60 anos. Não tinha esperanças em que ele fosse só seu, mas queria mais. E nada garantia que o seu caso durasse muito mais tempo. Se por um lado continuava a gostar muito dele, tinha que ser realista. Dava agora por si a pensar no outro e em tudo o que ele lhe prometia e que parecia poder proporcionar, com os seus 68 anos. Tinha que tomar uma decisão, afinal o tempo também já não era seu amigo. Apesar de ninguém lhe dar mais de 70 anos, os sinais de alerta estavam lá – arteriosclerose, artroses, cataratas e gota.
Suspirou bem fundo, ajeitou a dentadura e voltou a atenção, de novo, para o livro de puzzles. Ah! - afinal está aqui a palavra que faltava.

Monday, September 25, 2006

o início


Ela hesita ao se aproximar da porta de madeira envelhecida. O coração acelera, até pulsar ao ritmo da música que vem do interior. Inspira fundo e entra, como se dominasse o espaço. Com um nó no estômago, simula a segurança que lhe falha e descobre-o entre a multidão. Aproxima-se com passos leves, mas decididos. Os olhos dele iluminam-se ao vislumbrá-la entre os demais e sorri. Ela pára junto dele. Percorre, com o olhar, cada detalhe da sua face, como se quisesse imortalizar aquele momento perfeito, na sua mente. Trocam olhares cúmplices e a insegurança dissipa-se no momento. Ela aproxima-se e segreda-lhe ao ouvido. Demorei muito? Só a minha vida toda. O sorriso envergonhado solta-se num estado de euforia interior, quase infantil, que lhe enche a alma.

é impossível não gostar deles

com as suas manias, complicações

e inseguranças.

Thursday, September 21, 2006

Curiosidades

Em tempo de guerra, abrem-se trincheiras, constroem-se bunkers e dispõe-se a artilharia. Neste campo de concentração, que se tornou a vista da minha janela e a banda sonora dos meus dias, surge, uma noite, um fenómeno curioso.


Bem à porta de uma tal família Cruz, alguém se lembrou de brincar com as pedras, por colocar, do lancil. Alheio à ironia, que são as coincidências, em fazer uma montagem com as mesmas, em formato de cruz.

Monday, September 18, 2006

Hoje tiraram-me os agrafos

A sensação libertadora, do arranque, algo semelhante às sensações provocadas pela depilação com máquina, em que o puxão tem algo de arrepiante, quase bitter sweet, num ponto concentrado e profundo. Pelo menos foi como melhor descrevi, o facto de eu estar com um sorriso de orelha a orelha, à enfermeira preocupada com o trabalho de desmanche do outrora caderno de argolas com folhas e carne viva e capa em pele humana. E em cada orifício, de onde se retira um agrafo, se forma uma gota escura de sangue espesso. Segundo a opinião da mesma e do próprio médico, que muito me espantou ter aparecido, está bonito sim senhor, o meu pezinho. Parece que vamos no bom caminho e que o gesso deixa de fazer parte de mim, lá para 9 de Outubro.

Saturday, September 16, 2006

Hoje, estava a comer uma pizza e lembrei-me de ti

não que eu ache que saibas a atum, queijo ou ananás...

ou que sinta por ti uma atracção irresistível, apesar de fazeres mal ao colestrol.

mas porque me lembrei das noites de stress, em que nem à volta de uma pizza nos conseguíamos acalmar.

...ficou a faltar a mousse hagen daz

My left foot

o fe(e)tish continua