Friday, September 15, 2006
DOWNSIDE

Acordo uma vez mais, ansiando pela manhã. As noites tornaram-se demasiado longas e arrastadas, longe da rotina a que me habituei. O tédio tornou-se uma constante, à medida que memorizo os contornos das rachas no tecto. As posições condicionadas pela elevação da perna, trazem, não só o estorvo de uma bota de gesso, mas também as dores constantes dos músculos que agora compensam o desiquilíbrio. Se há uma semana dizia que a única dor que sentia era na alma, hoje não é bem assim que descrevo. Recordo as palhaçadas nas fotos tiradas há 1 mês atrás, em que agora descrevo como os tempos em que era feliz e andava. Resta-me aguardar... aguardar que a dor passe, aguardar que conquiste mais mobilidade, aguardar que volte a sair, aguardar por melhores dias, enquanto vejo as mudanças ocorrerem sem nada poder fazer para as travar.
A FUGA DOS INVÁLIDOS

5 de setembro, 21h. Acabei de dar de fuga do quarto a bordo da minha cadeira de rodas. Já percebi qual a hora em que não se vê ninguém no corredor, nem uma testemunha. Chego, com um micro-pico de adrenalina ao átrio, à máquinas dos cafés, apenas para perceber que não aceita notas...a única coisa que tenho. Estaciono junto a um pilar e desato a escrever. Se hoje não fôr a última noite aqui, tenho que cravar trocos amanhã.
22h, hora do fecho das luzes. Por azar, nada funciona no quarto – nem campainha, nem controlo individual de luzes. Enfio-me de novo na cadeira, que mais faz lembrar um tanque humano, com a perna lesionada esticada e erecta sobre o apoio, e fujo de novo do quarto. Vou de novo para o Hall, falar com o mundo lá fora. Pela primeira vez, em uma semana, longe da temperatura controlada do quarto, apercebo-me de quanto quentes e pegajosas estão as noites. Em frente a uma janela aberta, vejo as luzes dos anúncios e sinto a aragem morna e calma que me envolve.
ELES NÃO RESISTEM A UMA BOTINHA BRANCA

Já me tinha apercebido, como o título de arquitecto abre muitos sorrisos e estados de vénia, mas quase sempre, no caso masculino, em alturas que requerem charme e sedução, para iniciar uma conversa, obter uma mesa num restaurante, para massajar o ego. Não estou a afirmar que só os homens o façam, ou que só os arquitectos os façam, ou que todos o façam. Mas como já tive oportunidade de testar, existem pessoas que simplesmente não consideram a mulher como um ser digno de ouvir as suas zurrices – azar! Ora o que eu ainda não sabia e como tenho vindo a constatar com alguma surpresa é que ser arquitecta também dá um bom impulso nas artes da sedução. Mesmo quando ela surge de surpresa. Tenho vindo a constatar que no meio clínico, a profissional arquitecto goza de algum estatuto, diria até, de um trunfo sedutor, sem ter que recorrer a amostras de conhecimento sobre a profissão, como o facto de haver uma legislação que rege as intervenções ou qual o nome específico de elementos da construção :P. Muito tenho aprendido nestes 5 dias de férias forçadas e acho particularmente engraçadas aquelas que vêem sem aviso, tipo, lerem na ficha qual a ocupação e iniciarem a conversa fiada por aí. Meninas arquitectas e desesperadas, se o vosso sonho é casarem com um médico, enfermeiro, auxiliar ou terapeuta, partam a perna!
RUTE (NA) CRUZ

Setembro é o mês das virgens – e não bastando ter sido a 1ª queda séria, a 1ª grande fractura, a 1ª intervenção de bombeiros, a 1ª viagem de ambuância, a 1ª entrada nas urgências, o 1º internamento, a 1ª operação, a 1ª vez que me caíu tudo ao chão quando constatei que estava impossibilitada de corrigir a minha vida segundo planos traçados por mim. Não podia estar agora, no mesmo contexto virginal, deixar de pensar na figura de cristo na cruz, enquanto fico aqui deitada a fixar o tecto, com um braço para cada lado, à medida que me espetam alternadamente , um e o outro braço, enquanto tentam achar uma veia que não rebente com a introdução do catéter. À medida que as minhas chagas aumentam, em formato de pensos e chupões, penso na ironia do meu nome, Rute (na) Cruz. E não posso deixar de rir com mais uma situação pseudo-trágica. What doens’t kill you, makes you stronger…espero. Cuidado, vou ser difícil de aturar depois desta!
Gracie
E aos meus amigos, que vocês sabem bem quem são, muito obrigado e muitos beijos coxos!
UMA CHAPA E TRÊS PARAFUSOS
Wednesday, August 30, 2006
Victor Ochoa





é assim, que se preservam as memórias
do descobrir dos recantos da cidade
Wednesday, August 23, 2006
Saturday, August 19, 2006
Wednesday, August 09, 2006
je rest
ao vivo no Sudoeste. Enquanto o som, que sai dos phones me transporta para outras realidades, penso em como ficou por concluir o último texto sobre um concerto a que assisti há já 2 semanas. Com boa desculpa concerteza, já que o dito fim de semana foi de pouca paragem em casa, com as energias esgotadas e a semana que se seguiu foi de total clausura, de trabalho intenso, stress constante e desepero iminente. Mas da qual resultou a prova de fogo com um excelente trabalho de equipa. Dos momentos de pausa, em que se fala de tudo e de nada, em que se dizem os maiores disparates juntamente com coisas sérias, aos momentos de estado exasperante, em que todos os sentidos sofrem um fecho total, em que não há ar fresco à janela, café ou água fria pela cabeça que afaste o sono e mantenha a atenção centrada, prevalecem as reconfortantes manifestações de empatia e amizade, sacramentadas pelas demonstrações que se insurgem naturalmente, e cada vez com mais frequência, à medida que se aproxima o deadline.
O balança de uma semana de esforço intenso: a realização da perfeição do esforço de equipa, as novas lufadas, frescas e divertidas e o sublinhar das antigas certezas.
Agora, enquanto fecho as ideias, coincidindo com o final da actuação da Nova Vaga (que quando com ela iniciei, nem imaginava de que forma com ela iria concluir) e solto, em jeito de confissão, um arrependimento de não estar a assistir à mesma, conseguem mais uma vez, deixar-me com um sorriso estúpido ao receber um telefonema, directo da actuação, com o desfecho do concerto. São os mais pequenos e inesperados gestos que me deixam sem palavras, mas feliz por ter quem mas saiba roubar.
LISBOA SOUNDZ - PART III
É a desvantagem de se começar tão bem – o que vem a seguir, dificilmente irá satisfazer – queremos sempre mais e melhor
Fica a memória de uma injecção energética com um espirito rebelde controlado e bem disposto. Boa disposição garantida ou ter um STROKE.

LISBOA SOUNDZ PART II - SHE WAS A BAD BAD GIRL AND HE TOLD HER SO
A actuação mais esperada da noite, deixou-me com um gosto de insatisfação. Terá sido pelo distanciamento, imposto pela estruturada coreografia com poses pensadas, expondo a sensualidade estática ao máximo? Exalando e explorando a ambiguidade sexual que cativa os dois públicos, um concerto brutal, que me deixou a desejar mais. SHE WANTS REVENGE são bons, muito bons, mas o timming apertado das actuações ou a fadiga sabotaram a explosão merecida. Senti-me como se circulasse em esferas diferentes, onde foi demasiado evidente a diferença entre o palco e o público. Faltou a interacção, razão pela qual um concerto na TV não é comparável a um concerto ao vivo.
Não me senti defraudada mas com vontade de voltar a tentar.
I WANT REVENGE : come back so we can settle the score.
Friday, July 28, 2006
LISBOA SOUNDZ - parte I

Entre piadas e interacção com o escasso público que teimava resistir ao sol, aquela figura alta e estereotipadamente americana, conseguiu em pouco tempo, puxar-me para dentro de um imaginário muito estilo ROUTE 66, ao volante de um Mustang branco, ora actuando em clubes crepusculares, vigiado

Monday, July 17, 2006
Música do frio que aquece a alma

Loka Augunum (fecho os olhos) e deixo-me invadir...
por um estado hipnótico
É assim, Sigur Ros
Sunday, July 09, 2006
Febre de sábado à noite - II


Saturday, July 08, 2006
warmth
Em fim de semana agitado, agenda cheia, adivinho um domingo de ressaca mental. Depois de uma quinta inesperada e recompensadora, capaz de enternecer o mais sarcástico dos sentimentos, uma sexta agitada, com atenções divididas. Convívio alegres com amigos, testemunhar a excelente representação de outro amigo. Surpresas espreitam em cada esquina, umas boas, outras, ainda não sei. Fica, até agora, apenas manchado pelas dúvidas semeadas, pelas meias conversas, verdadeiras alfinetadas na curiosidade. Pelas preocupações com quem se gosta e por quem se pode nada fazer.
Mais uma dose se seguirá neste longo fim de semana.
Parabéns, minha amiga!
Que possamos comemorar muitos mais aniversários, envoltos em melhores circunstâncias.

Parabéns,meu amigo!
O teatro português está aí e recomenda-se.
Assim como as noites de lua cheia ;)
Monday, July 03, 2006
São João outra e outravez?

Noite de sábado, 1 de Julho e os arraiais de S.João arrastam-se por mais outra semana, em terras de pescadores.
Toda a vila desce ao arraial mal amanhado, ao som de música mais que pimba, ensopando-se em copos 3 duplos e imperiais.
À minha chegada já o hino se cantava e a bebedeira era total, que em dia de ressaca de vitória da selecção, se apresentava como uma bizarra versão distorcida da mesma, com o equipamento a condizer. Fogueiras, churrascos, farturas, pipocas, algodão doce, cães que tentam roubar as bifanas, bailarico, onde mulheres dançam com mulheres e homens encostam-se ao balcão, de copo na mão.
