Sunday, February 25, 2007

ASK THE DUST


"You came
And conquered her world .

You try to seduce her .
She can't help it
But to play hard to get .

She resists
And resists
Until you become


...irresistible"


JOHN FANTE

CONTAR CARNEIROS

Saturday, February 24, 2007

UM SORRIR COR DE ROSA


Hoje vi uma rosa desabrochar
Vi-a iluminar-se ao observar por uma lente.
Vi-a colher os elogios merecidos.
A descobrir que merece a pena dar a conhecer o seu mundo,
Atrás dessa lente.
Vi as cores mudarem para um rosa mais vibrante
Sob a luz do flash, abrindo as suas pétalas de celofane

E por isso, continuo a sorrir.

Friday, February 23, 2007

UMA NOITE EM TUVA




Soube mesmo bem










Ir à boleia e buzinar às ovelhas

Tuesday, February 20, 2007

Está por todo o lado!!!




I'm not a people person


Por extrema necessidade, desço aos confins do inferno, cheio de guichets repletos de gente, que quase se comem para passar à frente.
O ar insalubre do piso -1 e as cores empasteladas de um cinza-acastanhado enevoam-me o dia, já de si cinzento e chuvoso.
Preencho os impressos e aguardo a minha vez. A confusão é geral.
A xinhora ládexima, pouco habituada a lidar com o mundo, aflige-se por não saber o que é “letra legível” nem “preenchimento uma letra por quadrado”.
A consultora de ocasião, que adora ouvir-se falar na sua voz estridente, teima em dar informações, mesmo quando não solicitadas. Para meu azar, está sentada a meu lado.
A xinhora continua a tentar que alguém, numa atitude condescendente (e falsa) lhe diga que não faz mal ter preenchido os impressos erradamente, que não vai ter que pagar mais 7,05€, nem voltar a tirar senha e tentar de novo a sorte com o preenchimento.
Tento, em vão, desligar-me mas o som do mp3 não dá mais alto.
A consultora reúne já, uma verdadeira legião de seguidoras que a ouvem atentamente, esclarecendo dúvidas junto do o seu oráculo especializado. Vão permanecendo à minha volta, demasiado perto para o meu gosto. Começo a fazer uma lista de coisas a tratar, para não me esquecer e estranho o silêncio. Olho para cima e a consultora e suas 2 seguidoras – que entretanto me encurralaram – olham atentamente, tentando deslindar os gatafunhos abreviados da minha lista.
A contagem decrescente continua número a número pela esganiçada voz da minha vizinha do lado.
Uma das seguidoras fala qualquer coisa que não oiço. Depois comenta “bem...vou mas é ouvir música”. O facto de se inclinar ligeiramente para o meu lado ao fazê-lo e em voz alta, leva-me a crer que devia ser uma resposta ao facto de eu estar de phones.
Finalmente a minha vez. Levanto-me rápido e aliviada por sair dali.

Sunday, February 04, 2007

SÓ 5


O cheiro a bafio invade as narinas. Na completa escuridão, acorda confuso, sem se poder mexer. O espaço confinado que pode adivinhar, obriga-o a manter os ombros encolhidos com os braços imobilizados, esticados ao longo do corpo. Não sabe onde está nem como ali foi parar. As mãos e os pés encontram-se presos e sempre que se tenta mover, uma dor aguda e lacinante faz-se sentir na ponta dos dedos.

De repente, uma luz, um monitor, uma gravação começa a tocar à medida que uma enorme lâmina oscila directamente acima de si.


Os dedos encontram-se imobilizados por alicates, minunciosamente cimentados ao chão, firmemente presos a cada uma das unhas.


A gravação continua e a figura patética de um roberto informa que dispõe apenas de 90 segundos para se soltar. Caso não o faça, a lâmina sobre si, que de cada oscilação, desce um pouco, irá dilacerá-lo com cortes sucessivos, milímetro a milímetro, até o trespassar por completo, em toda a sua altura.



A decisão precisa ser rápida...

Bonne Chance

Às vezes, o medo do que podemos ver reflectido nos olhos dos outros, pode agravar a sensação de falhanço.
Que a pena é uma constante lembrança da merda em que estamos.
Que castra a vontade e a força de dar a volta por cima.
Mas acredito que a verdade tem de começar em nós.
Que depende da nossa vontade, o poder de mudar.
Com o apoio dos que nos são próximos.
Perdoa-me se ficaram coisas por dizer ou conselhos por dar.
Mas há situações que, pelos vistos, não sei como lidar.
Se há palavras que ficam por dizer, o meu apoio, inquestionavelmente, vais sempre poder contar.

E que em breve, podermos olhar para trás e rir novamente.

Sunday, January 28, 2007

OS SIGNOS NÃO SÃO SUFICIENTES

Nem todos os sentimentos são traduzíveis por palavras.
Porque as palavras não são suficientes para os descrever.
E as palavras podem ser enganadoras.
Demasiado pensadas arriscam-se a ser menos fieis aos sentidos e mais subjugadas à razão.
Por isso deixo-te descobrir nas entre linhas de cada olhar, em cada silêncio, em cada palavra dita e em cada que fica por dizer.

memórias

Percorrendo a estrada deserta e sinuosa naquele dia quente, a paisagem árida estendia-se até se perder de vista, pela erva seca que há muito conquistara as formações graníticas, numa perfeita alusão ao imaginário de uma charneca escoceca. Alguns kilómetros adiante, o deserto rochoso inciava um processo de transição, dando lugar a pequenas elevações que, num jogo de surpresas, deixavam agora vislumbrar um caminho sinuoso descendo, serpenteante até ao rio.
As oliveiras pontuavam todo o declive e as ruínas que se debruçavam na encosta, relembravam a força esmagadora que é o tempo. O vale abria-se a pique, reflectindo apenas uma pequena porção de rio.
Parei, sentei-me num pequeno muro que bordejava a estrada e deixei-me ficar. Deixei-me envolver pela tranquilidade, absolutamente inalterada pelo tempo.
Respirei fundo e parti à descoberta, deixando para trás a agitação dos últimos dias, que me drenara as energias.

Sunday, January 21, 2007

Thursday, January 18, 2007

Adeus ao ar que o Gio teve

Fico contente pela coragem de mudares.
Vou sentir saudades de te ler.
Mas de ti... não, não vamos dar hipótese disso acontecer.
;)
café para breve

Sunday, January 14, 2007

LEDBOMBING...onde?


LEDBOMBING - intervenção de rua, grafitty luminoso, por Led throwie - pequena luz ( led ) ligada a uma pilha pequena e a um iman. Junção artesanal através de fita cola. Usada essencialmente de noite e em locais magnéticos.


Era uma vez um acontecimento, um verdadeiro happening prestes a rebentar num sábado, ao início da noite.
Imitando uma série de esperiências por "profissionais" da arte urbana novaiorquina, Lisboa teve agora a sua 1ª experiência...ou podia ter tido.

Lançar leds a uma escultura, que de pouco tem de superfície para intervenção, num local demasiado iluminado, com apenas uma mão cheia de leds de 3 cores (dos quais metade, foram parar aos bolsos dos espectadores) ...não preciso dizer mais nada.

Fiquei-me a questionar, como uma imagem tão engraçada pode ter tido uma materialização tão pobrezinha

boa sorte para a próxima!

Sunday, January 07, 2007

Socialmente inconveniente ?


...pois, nota-se pelos olhos que não estás muito bem - conclui, em tom paternalista.
...não, isto é pintado - surge a resposta em jeito de provocação cómica
(silêncio)

Há muito tempo que não era brindada com aquele olhar estupefacto, de quem tenta processar o conceito de que, afinal, aquela particularidade era uma escolha voluntária, não tendo qualquer relacionamento com problemas de saúde, cujos sintomas tinham sido impossíveis camuflar, naquela noite.

...ahhhhh... isso de pintar os olhos de vermelho é muit'à frente ! - tenta-se desculpar pela gafe cometida.

Sorri e continua a conversa, tendo a confirmação de que se encontrava num contexto completamente afastado da sua realidade, onde não só as aspirações de vida como a simples aparência exterior, não podiam estar mais distantes das suas.
Divertia-se, no entanto, com a perfeita noção de que voltara a envergar orgulhosamente o seu "eu", que há tanto ficara dormente e obscurecido pelo papel que foi obrigada a vestir.
O papel que a obrigara a ficar sob as luzes da ribalta, que despertava no espectadores um misto de pena com uma insaciável necessidade de alívio, ao tentar saltarem para o final feliz, mas do qual, agora, como comprovava, se conseguira ver livre de vez.

Saturday, January 06, 2007

Vamos comemorar!


"Não era giro comemorar as épocas festivas, aqui no local de trabalho" - tipo casual friday mas mais, holiday costume...


"qual é a próxima?"



Hoje é dia de Reis!


Põe a coroa e veste o teu manto
...seremos os Três Reis Magos Mariachi!


Tuesday, January 02, 2007

ANO NOVO ...

...mudanças à porta.
Será da ausência do frio, da magia do 7, do poder curativo do tempo que já passou, mas este ano estamos a começar bem e sem amigas de apoio bi ou unilateral.
...bye bye muleta!

Sunday, December 31, 2006

A realidade da Ciência dos Sonhos

Adoro o realismo do cabelo que fica e se mantém espetado, acidente tão típico de quem acaba de tirar um gorro da cabeça
...para quê anular os pormenores reais em benefício de uma imagem global perfeitamente cuidada, que nos retrai da capacidade de nos deixarmos levar para dentro da tela ?

Mesmo, a não perder.

Saturday, December 30, 2006

La Science des Rêves - Michel Gondry


Classificação:
105 minutos de total absorção.

Everything will turn out the way you want, if you stop doubting(..)

Meet me... in Montauk...




Constantly talking isn't necessarily communicating.

ETERNAL SUNSHINE of the SPOTLESS MIND

Thursday, December 21, 2006

Sunday, December 17, 2006

Hoje, não obrigado, não dá muito jeito...

E quando um desconhecido não nos oferece flores, como no anúncio,
mas do nada ( depois de alguns longos minutos ali ao lado, a tomar coragem entre abanos e cambaleanços) sugere:

"Então, vamos ali em baixo até ao Jamaica?"

Wednesday, December 13, 2006

E AGORA?

E assim, de repente...tudo se acaba.

Tá óptima! O resto vai com o tempo...

Sunday, December 10, 2006

É dia de festa


Domingo frio de Dezembro. Acordo a custo. O frio e a ressaca muscular pedem para ficar mais algum tempo na cama.Algum tempo e banho mais tarde, noto o alvoroço anormal no adro da igreja. Parece que finalmente vão destapar o busto que agora vai ter lugar neste espaço. Colunas, aparelhagem, microfone, denunciam uma pseudo-cerimónia de inauguração - e eu, mesmo em frente de camarote. Como em todas as cerimónias de inauguração portuguesas, a envolvente continua o mesmo cenário de guerra, que tem sido paisagem certa nos últimos 3 meses, os mesmos que tenho sido forçada a estar mais tempo por casa, a ouvir os barulhos ensurdecedores e repetitivos da obra.
Espreito os carros em 2ª fila. Audi A8, BMW...ok, o Sr Presidente da Junta já gasta bem o dinheiro, apesar de continuar o mesmo labrego de 1ª. Chegam-me as informações que ainda não há muitos anos, em vez de se sentar ao volante de uma destas bombas, sentava-se ao volante de um carro do lixo - ao menos progrediu na carreira, sempre dentro da mesma instituição. E lá vai ele, com uma pequena corte até ao café da esquina.
Pouca, mesmo muito pouca gente, espera no adro pela missa, heis que chega um convidado de mérito - o sr cardeal - mais um Audi topo de gama.
Começa o espectáculo. 22 Tipos de bata branca entram na igreja, de ostensório e acessórios que nem sei o nome.
Discuto com a minha avó - ela diz que é o Cardeal Cerejeira, eu digo que esse era o amigo inseparável do Salazar. Ela pergunta-me então quem é e eu respondo que aquilo é chapéu de papa...olha! é o RatZinger. Ela olha-me duvidosa em silêncio e manda-me um CALA-TE!
Começam os ensaios de som...tal qual como nos concertos SOM SOM SOM, em tom grave e abafado saem das colunas.

Começa a festa, já têm uma multidão e balões a condizer.

Saturday, December 09, 2006

Figuras


Hoje saí, preparada para o frio.
Hoje saí, preparada para a chuva.
Hoje senti-me como uma imagem esbatida de um veterano de guerra.

Friday, December 08, 2006

I'm gonna make you bend

É bom ouvir que a recuperação está para lá de boa.
Com estalos, coxeos, rotativos de anca.
É bom voltar a andar.
Apesar do gelo e da dor serem os meus mais recentes companheiros,
É bom voltar a saborear alguma da liberdade perdida.

Wednesday, December 06, 2006

O que é real


Raio do Ganso


Passeio devagar por jardins que nos últimos 3 meses me têm estado fisicamente tão perto, mas vivencialmente tão distantes.
Sento-me num banco de madeira a observar as aves ao longe.
3 gansos iniciam uma longa caminhada na minha direcção.
Ainda por cima são feios

Com o seu andar desengonçado, trazem já consigo, o resto do grupo, curiosos com o que eu possa oferecer: 6 gansos, 2 galinhas de Angola, 5 pombos, 3 pardais e 2 galos rodeiam o banco. Um ganso, mais afoito, olha-me nos olhos e lança-me constantes olhares de alto abaixo, mesmo a um palmo.
Menos ameaçadores

Não, não tenho nada. Visto o casaco e continuo a ser medida centímetro a centímetro.
Os pombos passeiam-se por baixo das pernas e roçam a cabeça nas muletas.
Desisto, não me apetece ficar de olho no ganso que ficou fascinado e continua mesmo ali ao perto, levanto-me e vou embora.
E mais saborosos


hmmmm....

CHILL'IN

Saturday, December 02, 2006

AMORAS DE NATAL


Véspera de feriado, fim de semana de 3 dias, pouco faltam para as 20h, no meio de uma azáfama natalícia - ainda em Novembro, tudo cheira a Natal: as luzes, as pessoas, a pressa das compras, o frio, o trânsito.

Desço devagar a rua que tão bem conheço, pensando nos amigos que possivelmente poderia encontrar, por um acaso do destino.
Cinco minutos depois, sento-me a olhar para esta confusão. Abandono o espaço que me rodeia e penso no dia que tive.
De repente, do nada, sinto um beijo roubado, que me trás de volta à realidade. Eras tu, com o teu mais carinhoso sorriso e olhar terno de felicidade, por me veres, tão surpreendemente, fora de casa, no meio do caos da cidade.

Levo alguns milésimos de segundo a perceber que não fazes parte dos meus pensamentos de há pouco e que afinal estavas mesmo ali, curiosamente, por um acaso do destino, que nos levou a cruzar no tempo e no espaço.

Uma surpresa boa que afinal, não foi assim tão de surpresa, pois tinha, bem há pouco, pensado em ti.

Wednesday, November 29, 2006

STRANGE DAYS

Quando um dia me disseste
A TI, ACONTECE-TE TUDO
sorri e achei um exagero
Pensei que, simplesmente,
sei contar, as coisas mais comuns,
de maneira mais colorida.
Mas de facto, logo quando,
tento voltar à minha rotina,
entre filas apressadas e trânsito congestionado,
quando à falta de mãos livres
a tendência de segurar as coisas com os lábios
torna-se numa necessidade,
oiço alguém dizer AS MELHORAS, bem ao meu lado,
alguém que nem conhecia.
Ri-me e sinalizei com a cabeça o entendimento
Tirei o bilhete da boca e agradeci ao desconhecido.
Que apesar de desconhecido, continuou a desejar-me as melhoras.

Wednesday, November 22, 2006

E já está!

Tudo muito rápido.
A aventura maior foi mesmo levar a roupa para o cacifo, com as duas mãos cheias ...de muletas – não é fácil, mas sou resorcefull.
Chegada, registo, nem me sentei – entrada para os balneários
Chamada em fila, atribuição de cacifo e farda hospitalar – fica só com a cueca e o soutien – deve ser por ser quase Inverno, da última vez, só tinha direito a batas translúcidas.
Pelas raras vezes na vida, fui a última a me despachar da etapa da mudança de roupa.

Chego à porta da grande sala – faça favor de sentar.
Todos olham para mim, sem um sorriso ou uma palavra. Sinto-me familiarmente ridícula com aquela touca verde água que combina com bata de flanela, mal apertada nas costas, mas não com o chinelo descartável azul.
Estamos todos naquela linda figura. As enfermeiras também não escapam, com o conjunto em azul e com as socas de borracha.
Parece a preparação para um baile, naquela sala de espera asséptica.

Atravesso o espaço, elegantemente com as muletas, até à poltrona forrada com um lençol. Coube-me o lugar central, naquele convénio. Sinto os restantes 7 pares de olhos postos em mim. A enfermeira coloca-me exactamente igual aos demais, tapa-me as pernas com uma outra bata, igual à que visto – agora parecemos uma desmultiplicação de velhos assépticos, sentados à lareira, com a manta no colo.

Cateter no pulso, questionário, pode aguardar. Olho em volta e lembro-me de experiências nerológicas em símios, todos agrupados na mesma sala.

Ainda é cedo e anulo a minha presença, viajo para outro estado, para ser interrompida pelo Clark que hoje está, especialmente, conversador. Por mais despercebida e apagada que tento passar, mais esta experiência, apanho sempre com mau-feitios simpáticos e conversadores. Sou levada para a sala no meio de conversa casual.

Conversam comigo o tempo todo – agora vou besuntar-te o pé com betadine, vai ficar todo bronziadinho! Vais sentir uma picada, tas confortável?
Tento alienar-me das vibrações, das pressões, que sinto até ao âmago da anca. Sensações muito estranhas...há coisas que não se fizeram para se sentir por dentro.

Calham-me sempre os cirurgiões mais brincalhões que não me deixam de fora do evento. Elasticidade...Parece uma bailarina!! Percebi depois, quando vi a ligadura bem ao estilo da série Fame, o que ele queria dizer.

20 minutos, se tanto, fico de novo com o meu novo amigo que me calça e me aperta os atilhos da bata nas costas. Acompanha-me de novo, até ao sofá na sala conjunta, em conversa amena, como se passeássemos numa tarde de domingo, enquanto segura nas mãos, o meu soro.

Trazem-me um iogurt e bolachas, enquanto o Clark, visivelmente orgulhoso, com o seu pé de bailarina, troca impressões e datas de consulta comigo.
Mesmo tentando passar em branco, de todos os que lá vi, só eu estava com as atenções do enfermeiro, do cirurgião, do mestre cirurgião, que mais tarde ou mais cedo ou ao mesmo tempo, metiam conversa, o que me valeu a procura de esclarecimento de dúvidas por parte dos outros pacientes mais nervosos.

Correram comigo, 1 hora e meia depois de ter lá entrado. Mais pontos para tirar, um pé laranja para não molhar e segundo as palavras do Clark, se doer tem lá alguma coisa para as dores?...Ainda tenho os da outra operação, mas só me está a coçar os pontos. Ri-se - se der comichão mais “forte” já sabe...

E é assim, cá ando eu, com um parafuso, perdão, cavilha (como alguém descreveu) a menos. Restam-me os outros dois, a chapa, os pionéses e muitas situações hilariantes em aeroportos .

Sunday, November 19, 2006

Vamos cá esclarecer :

Ainda aqui ando.
Ainda não voltei de novo ao bloco...mas está quase.
As coisas não estão, nem por isso, a correr mal...estão a correr devagar, com surpresas a cada esquina, com actualizações a cada pequeno passo dado dentro da neblina do desconhecido.

Não fiquei, nem fico preocupada com esta ou outras operações q possam surgir - depois de toda a praxe que é um internamento, já estou mais que vacinada.
Até vai ser engraçado voltar a ver o bloco - tem um design muito hi-tech e a imagem intervenção de reconhecimento dos cientistas em torno do extra-terrestre que, alegadamente, caiu em Roswell lá por 49 ( ou do boneco e o balão metereológico) persegue-me até hoje.
Como ando por aí a dizer, só não me está mesmo a apetecer é epidurais, mas é mesmo porque o efeito secundário dura e dura por alguns dias.
Desde a 1ª e (espero) a última ressaca que ainda durou uns 4 a 5 dias, entrei para o EAMNPF (Epidurais Anónimos - Mais Não Por Favor!)
Prefiro mesmo assistir à sessão de marcenaria Drill&Extract.

Então está marcado : 8.30h na 4ª lá estamos para mais uma viagem ao mundo dos tectos de bloco operatório.
O riscado nas guarnições ...ui, espero não ficar de novo com o saco de soro entalado na porta, enquanto o suporte verga verga, até levar com o saco em cima.

Depois de uma "boa nova" , olhe tentámos contactá-la mas o nº não dava, por vamos tirar um parafuso...estaca de caminhos de ferro deve ser o melhor termo. Lá tivemos que andar a perseguir os serviços ambulatórios à falta de novo aviso.

Pois, o meu super-homem-clark-quente arranjou maneira de me pedir o telemóvel mas esqueceu-se de o passar aos serviços (só n acerto no euro-mlihões que, desta vez até fiz, sem grande resultado)

Desta vez, como tinha me sido dito , é para o operatório ambulante ou ambulatório operante
e só tenho direito a meia pensão ...sairei no final do dia ...acompanhada ( n sei bem o q isto quererá dizer)

Por um lado posso tomar o pequeno almoço, q indicia não haver epidurais reservadas para o dia.
Por outro, se tenho de entrar às 8.30h, podem muito bem deixar-me sem comer até às 16.30h e às 18h já estar pronta p sair com uma ressaca a mais e um parafuso a menos.

Vou mais pela 1ª

mas what ever - que escolha tenho eu

Estive na fonte da telha , finalmente, ao fim de quase 3 meses.
Andei entretida, a marcar na areia, as rotundas que se tornaram a sombra das minhas passadas.

Ao que parece, sou tão importante que e a minha vida deve ter saido na dica do jornal do Lidl.
Não me habituo a esta fama, a este estatuto de diva.

Sou cumprimentada por desconhecidos que me desejam as melhoras e perguntam se estou melhor. São raros os dias que saio à rua sem isso acontecer e os rumores espalham-se.
Já me querem fazer estar a operar mais cedo que o previsto, outros acham q as coisas não estão a correr bem, para ter que ser operada de novo, depois da explicação, acham que foi engano ou negligência ou simples capricho.

enfim
o que o povo gosta é de ter que falar e de preferência que possa passar num telejornal sensaciolalista.

O que vale é que já tenho os meus óculos de sol, de diva de anos 50...tentarei esconder as muletas atrás deles para passar despercebida, enquanto refilo por não me deixarem ficar com o telemóvel durante a curta estadia.

Até já

Copo meio cheio de esperanças vãs



Há dias bons, dias maus.
Dias em que o copo está meio cheio
Ou em que está meio vazio
Dias em que consegui, finalmente,
Sentir a areia e o cheiro salgado do vento.
Ou que estive ali tão perto,
Mas tão consciente das dificuldades.
Dias em que estive ao vivo e a cores
No ambiente a que estava habituada
Ou a sentir todas as dificuldades
Dos obstáculos que acarreta.
Quando os dias passam e me frustram
e já nem ligo às surpresas que se vão sucedendo
Mas que a hipótese de possíveis problemas
Noutros horizontes, que não os meus,
Socam, com força, os meus pensamentos

Monday, November 13, 2006

É uma meniiiiihina!

Boas notícias ! Parece que, vou mesmo manter uma rica perna, ao permanecer em minha posse, o titânio.
Tou mesmo a ver as aventuras de aeroporto que se seguem ao longo da vida...
Como já dizia por diversas vezes, cada vez que vou a uma consulta descubro uma coisa nova - não, não podem ser chatas estas coisas, sempre cheias novidades, surpresas e kinder estragados.
É claro que alguém se esqueceu de me avisar que, ao contrário da maioria das pessoas, eu não tenho um parafuso a menos, mas sim, um a mais. E como um Perónio não pode ficar pregado a uma Tíbia - tal como as rectas concorrentes, para sempre destinadas a correr lado a lado, sem nunca se cruzarem...zrrrrrrr!!!!

Hello again Hello Bright lights ! yes I still have the puncture wound. See you when I'll wake
(that will teach me not to make fun of being admited again)

Sunday, November 12, 2006

Maki


Aos poucos abandono o meu estado de retiro.
Tento, sem exagero, voltar à minha vida, testado os meus actuais limites, visitando a minha vida, sem, no entanto, a viver plenamente.
Final de mais uma semana.
Encontro para jantar.
Porquê pensar em pequeno?

Indo na loucura do momento, porque não Tókio?
Aguardando à porta de um demasiado frequentado sushi-bar...no Oriente os deficientes não têm prioridade.
Os pratos deslizam em frente aos olhos e porque são eles que começam por comer, as cores, as formas, a diversidade, seduzem e logo, na mesa escasseia o espaço e prolifera a animação.
Gueishas modernas não param nem abrandam o seu ritmo virtiginoso, com que atendem as mesas. Na nossa, a diversão passa por experimentar e construir arranha-céus de pratos coloridos.
Os pratos continuam a passar, delicados sedutores, na sua dança de movimento planar, preciosamente cronometrado, de modo a prender as atenções, aquando da sua passagem quase etérea, como uma criança numa loja de gomas.
O wasabi não me faz chorar, mas a combinação de um outro picante com chá verde, dá que ficar a pensar no caso.
No final, o palhaço não quis ficar na foto – deve estar com a mania que é estrela.
Mas também, não o deixaram participar na festa, mesmo ali ao lado.
A próxima?
Para onde?
Não sei, mas a companhia já é mais que o começo.

Thursday, November 09, 2006

Memórias em Branco

Meço o tempo pela marca do verniz, que teima em desaparecer, que se agarra relutante à superfície e que ainda cobre de branco, desde o dia em que me arrependi tê-lo feito.
O branco não combina comigo. Mas deixo-o ficar, constante lembrança do tempo que passou, de tudo o que passou.
Deixo-o e espero pelo tempo que ainda vai passar...a meio caminho de passar
...talvez, no dia em que finalmente desaparecer, naturalmente e por completo, o mesmo aconteça com as dificuldades que a ele, deixei permanecer relacionadas.
Porque o branco não combina comigo e o branco teima em passar.

Saturday, November 04, 2006

Sunday Mornings are a bitch

Abre os olhos e vê a luz que entra, já forte, pela janela. Lá fora, as vozes madrugadoras não olham a mais uns minutos de sono. Lança as pernas para fora da cama e sente o chão frio debaixo dos pés. Inspira fundo e devagar, levantando-se num só movimento. No caminho, pega a roupa amachucada, largada a um canto do quarto e leva consigo para a casa de banho. O espelho reflecte os traços cansados, realçados pelo lápis ainda esborratado. Abre a torneira, junta as mãos em concha e um arrepio percorre a espinha, enquanto mergulha a cara na água fria. Faz uma careta enquanto veste a roupa impregnada com o cheiro a tabaco e lança um último olhar para a cama, através do espelho. Dorme profundamente. Assim é mais fácil, sem decisões a tomar, como agir, o que dizer. Pega no resto das coisas e sai, fechando a porta atrás de si, sem fazer barulho. O sol forte faz-lhe arder os olhos. Ajeita os óculos e segue rua abaixo.